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Irã: ONGs denunciam aumento de execuções para desafogar prisões

Mais de 250 pessoas foram executadas pela Justiça iraniana desde o início do ano, de acordo com um comunicado divulgado por duas ONGs, incluindo a Anistia Internacional, nesta quarta-feira (27). Este número já se aproxima do número de execuções realizadas ao longo de todo o ano de 2021.

ONGs denunciam aumento do número de execuções no Irã.
ONGs denunciam aumento do número de execuções no Irã. © IRNA
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Em junho de 2022, pelo menos doze pessoas foram executadas em um único dia na província de Alborz, no noroeste do país, bem como nas de Sistão e Baluchistão, no sudeste. O governo iraniano vem reprimindo com violência os protestos contra as más condições de vida da população, afetada por uma por grave crise econômica.

Para Roya Boroumand, diretora do centro Abdorrahman Boroumand, uma das ONGs que assina o comunicado, o problema da superlotação carcerária é a principal causa do aumento das execuções.

"Estas diretrizes foram dadas pelo chefe do sistema judiciário iraniano e até pelo próprio Guia Supremo nos últimos meses, para que medidas sejam tomadas para reduzir a população carcerária”, disse em entrevista à RFI. “Dentre essas medidas, a mais visível e mais fácil é agilizar o processo de cada caso. Mas em um país onde os procedimentos judiciais já são sistematicamente violados, isso acaba levando a julgamentos e execuções sumárias”, denuncia.

Boroumand teme que esse aumento de ritmo de execuções seja apenas o começo. “Estamos muito preocupados porque isso já aconteceu nos anos 2000, igualmente por causa da superlotação das prisões. Da mesma forma, as autoridades haviam dado diretrizes para tratar mais rapidamente os casos em andamento. De acordo com alguns relatórios em 2015, houve mais de 1.054 execuções”, observa. O Irã é o país que mais aplica a pena de morte no mundo, ao lado da China e da Arábia Saudita. A maioria das execuções está relacionada a homicídios ou tráfico de drogas e é feita por enforcamento.

Repressão no mundo do cinema

Sindicalistas, intelectuais, mas também cineastas foram presos, incluindo o diretor Mohammad Rasoulof, cujo filme “O Diabo Não Existe”, sobre a pena de morte no Irã, ganhou o Urso de Ouro no Festival de Cinema de Berlim, em 2020. Além dele, o premiado diretor iraniano Jafar Panahi e Mostafa Aleahmad foram presos no Irã. 

Os organizadores do Festival de Cinema de Cannes disseram que "condenam veementemente" as prisões, bem como "a onda de repressão evidentemente em curso no Irã contra seus artistas". A tortura física e psicológica é "usada sistematicamente nas prisões", especialmente como "método de obtenção de confissões que servirão de base para sentenças de morte", denunciam as ONGs.

(Com informações da RFI e AFP)

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