Jornal Le Figaro mostra recepção de refugiados ucranianos na "pequena Ucrânia" do sul do Brasil
Um caso bem-sucedido de refugiados ucranianos acolhidos no sul do Brasil ganha a atenção da imprensa francesa. A edição do jornal Le Figaro desta quinta-feira (14) conta a história de uma "pequena Ucrânia" que abre os braços para seus compatriotas de Kherson.
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Apesar dos mais de 10 mil quilômetros que os separam de sua cidade natal, estes ucranianos recebidos em Prudentópolis, no Paraná, parecem ter uma integração bem menos difícil do que a maioria dos 4 milhões de refugiados que deixaram a Ucrânia desde o início da guerra, em 24 de fevereiro.
O grupo de 29 pessoas, incluindo 16 crianças, foi transportado por uma igreja evangélica para os arredores da pequena cidade rural de 50 mil habitantes. Foram os primeiros a desembarcarem em solo brasileiro, no final de março.
Com suas igrejas coroadas com cúpulas de prata e sua arquitetura bizantina, Prudentópolis é conhecida como “a pequena Ucrânia”, onde há mais de um século fala-se tanto o ucraniano quanto o português. Estima-se que entre 75% e 80% dos habitantes sejam descendentes de ucranianos.
A reportagem mostra que os refugiados estão bem adaptados, mas não menos apreensivos. Com os celulares à mão, eles estão atentos a qualquer nova informação vinda do front, onde todos deixaram um irmão, uma mãe ou um marido. Kherson, perto da Crimeia, foi a primeira cidade ucraniana a ser ocupada pelas forças russas.
O destino dos refugiados ucranianos está no coração dos moradores da pequena cidade, ansiosos por poder ajudar aqueles que consideram seus compatriotas, mostra o Figaro.
Quarta onda migratória
Os primeiros ucranianos se estabeleceram na região no final do século 19. Na época, a jovem república do Brasil havia lançado uma campanha para estimular a imigração europeia, na esperança de povoar os grandes vales do sul do país e de administrar uma economia predominantemente rural, destinada à exportação.
Le Figaro descreve que, ao longo do século, a cidade conseguiu preservar não apenas sua língua, mas também seus costumes, revigorados pela chegada de novos migrantes – e refugiados – durante as duas guerras mundiais. Nas últimas semanas, os moradores têm se perguntado se chegou a hora da quarta onda migratória.
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