Acessar o conteúdo principal

Afeganistão: saúde pública à beira do colapso com fim do financiamento estrangeiro

A interrupção abrupta da ajuda financeira internacional para o desenvolvimento, no Afeganistão, tem levado o sistema de saúde pública do país à beira do colapso. É o que mostra um relatório do hospital público Wazir Akbar Khan, na capital Cabul.

Uma família na unidade de terapia intensiva do Hospital Indira Gandhi em Cabul, 24 de outubro de 2021.
Uma família na unidade de terapia intensiva do Hospital Indira Gandhi em Cabul, 24 de outubro de 2021. REUTERS - JORGE SILVA
Publicidade

Com a correspondente da RFI no Afeganistão, Sonia Ghezali

Os hospitais afegãos estão sem aquecimento nem eletricidade, e os médicos não recebem salários há meses. Quase 2.300 hospitais e clínicas afegãs que dependiam de financiamento estrangeiro estão agora no limite. Apenas 17% deles funcionam na integralidade e mais da metade carece de medicamentos essenciais, de acordo com a Organização Mundial da Saúde.

A Cruz Vermelha Internacional relata que mais de 2.000 estruturas de saúde afegãs já fecharam suas portas, durante os últimos três meses. No Hospital Wazir Akbar Khan, em Cabul, muitas gavetas e armários estão vazios. Os pacientes devem trazer os medicamentos de que precisam.

Deitada em um leito, está Roya, de aproximadamente 50 anos, que sofre de anemia: "Não tenho sangue suficiente", explica ela. No Afeganistão, a situação econômica é muito ruim. Se eu tivesse algo para comer, estaria melhor", explica.

Massoda, a enfermeira que mede sua pressão, não pode lhe dar uma transfusão de sangue porque o banco de sangue está vazio. Ela descreve as condições de trabalho: “Não temos equipamentos. Não temos luvas. Eu deveria usar luvas para esta consulta, mas não temos”, lamenta.

Os salários não são pagos há três meses. Por isso, cerca de60 funcionários do hospital não vêm mais trabalhar.

O Dr. Najeebullah permanece em seu posto: “Prometemos e juramos que ajudaremos nosso povo. Meu pai sempre diz: 'Meu filho virou médico para ajudar nosso povo'. Vou continuar a trabalhar com ou sem remuneração", afirma.

O WAK, como outros 2.300 hospitais e clínicas do Afeganistão, depende de financiamento estrangeiro. Os recursos ainda estão congelados desde a tomada do poder pelo Talibã, no fim de agosto.

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Compartilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.