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Com crise energética, China registra sua maior inflação em 25 anos

A China registrou sua maior inflação em 25 anos no mês de setembro. Os custos de produção aumentaram no país neste último mês, alcançando uma taxa recorde de 10,7%, de acordo com dados oficiais divulgados nesta quinta-feira (14). A progressão acontece em um cenário de crise energética e alta dos preços das commodities.

Foto aérea de um porto com contêineres em Qingdao, na província de Shandong, no leste da China. (Chinatopix via AP)
Foto aérea de um porto com contêineres em Qingdao, na província de Shandong, no leste da China. (Chinatopix via AP) AP
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A recuperação global das atividades econômicas levou a um forte aumento no custo das matérias-primas, especialmente o carvão, de que a China tem forte dependência para abastecer suas usinas. Os produtores de eletricidade estão lutando para recuperar seus custos, mas não podem repassar o aumento de preço para seus clientes porque a China regula as tarifas de eletricidade. Como resultado, as usinas estão paralisadas apesar da forte demanda, e a eletricidade está racionada, o que aumentou os custos de produção para as empresas.

No mês passado, o índice de preços ao produtor alcançou a alta 10,7% em um ano, anunciou o Escritório Nacional de Estatísticas nesta quinta-feira. Este é o maior ritmo já registrado, de acordo com esses dados, cuja série histórica data de outubro de 1996. O resultado é ainda pior que o observado em agosto, de aumento de 9%, que já era o recorde em 13 anos.

Em setembro, "os preços na indústria continuaram subindo como resultado do aumento dos custos do carvão e em alguns setores intensivos de energia", observou Dong Lijuan, estatístico do escritório nacional. Os preços do carvão aumentaram 74,9% no mês passado em comparação ao mesmo período do ano anterior.

Essa alta de preços levou ao fechamento total ou parcial de fábricas, que lutam para serem abastecidas com eletricidade, ao mesmo tempo em que as autoridades impõem o racionamento de energia em diversas regiões. A medida penaliza a produção, elevando os custos das empresas em um momento em que as cadeias de suprimentos globais já estão sob pressão.

Dois dias de trabalho por semana

As fábricas no norte e sudeste do país estão sujeitas a restrições. Cortes de energia são frequentes, obrigando à interrupção da produção. Alguns empresários em Dongguan, um centro industrial próximo a Cantão, contatados por telefone, disseram ao correspondente da RFI em Pequim, Stéphane Lagarde, que sua fábrica funcionava dois dias por semana. Como resultado, os empregados são obrigados a trabalhar à noite, fora do horário de pico, o que requer o pagamento de bônus sobre o salário.

As quedas de energia comprometem a retomada do ritmo de atividades, principalmente depois do início do ano letivo. Fabricantes de Yiwu, por exemplo, na província de Guangdong, se esforçam para funcionar a todo vapor, principalmente para fornecer pequenos itens promocionais e kits com roupas e acessórios da bem-sucedida série sul coreana Round 6, com grande demanda este ano para a festa de Halloween, celebrada em 31 de outubro.

Na China, os preços da energia são regulamentados e não podem oscilar mais ou menos que 10%. Para aliviar essa escassez, o governo autorizou na sexta-feira (8) um aumento excepcional nos preços da eletricidade, para permitir que os produtores recuperem seus custos. Este aumento é limitado a 20% para empresas, mas sem limite para setores intensivos em energia, como o aço. Com isso, a conta de luz de outubro tende a ser elevada.

(Com informações da AFP)

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