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Faixa de Gaza: tensões se agravam e Netanyahu adverte que conflito está longe do fim

Os confrontos entre Israel e o Hamas continuam. Bombardeios na Faixa de Gaza, lançamento de foguetes contra o território israelense ... Quatro dias após o início da escalada de violência, o número de mortos é alto: oito em Israel, mais de 120 em Gaza, onde a situação é dramática. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, no entanto, advertiu nesta sexta-feira (14) que os ataques estariam longe do fim.

Foguetes são dispados da Faixa de Gaza contra o território israelita. Sexta-feira, 14 de maio de 2021.
Foguetes são dispados da Faixa de Gaza contra o território israelita. Sexta-feira, 14 de maio de 2021. © AP - Khalil Hamra
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Pelos correspondentes da RFI nos Territórios Palestinos e em Tel Aviv, e enviado especial a Lod

"Eu disse que infligiríamos sérios reveses ao Hamas e a outros grupos terroristas (...). Eles estão pagando e continuarão a pagar caro. Ainda não acabou", alertou Netanyahu após uma reunião no Ministério da Defesa, de acordo com um comunicado.

O ministro da Defesa israelense, Benny Ganz, ordenou um "reforço maciço" das forças de segurança para reprimir os ataques. Duas divisões de infantaria, tanques e veículos blindados se instalaram nesta quinta-feira ao longo do território palestino. O exército também recebeu luz verde para mobilizar cerca de 7 mil reservistas, se necessário.

Pouco depois da meia-noite desta quinta-feira (13), grupos armados palestinos dispararam novamente foguetes da Faixa de Gaza, enquanto a força aérea israelense continuava a bombardear os locais do Hamas.

O exército israelense realizou um bombardeio de intensidade sem precedentes durante a noite. Um dilúvio de ferro e fogo desceu sobre a Faixa de Gaza. No intervalo de meia hora, nada menos que 160 aviões israelenses dispararam 450 mísseis contra 150 alvos, relata o correspondente da RFI em Tel Aviv, Christian Brunel.

Destruir o "Metrô de Gaza"

A operação visava especificamente destruir completamente uma grande rede de túneis apelidada de "Metrô de Gaza", cavada pelo Hamas para entregar armas e mover combatentes sem os expor a ataques ao ar livre.

De acordo com o porta-voz do Exército, a operação foi um "sucesso". Diversos terroristas também foram mortos durante esses bombardeios massivos, ele celebra, acrescentando que “danos muito significativos” foram causados ​​ao que ele descreveu como “um ativo estratégico” do Hamas. Além disso, para o porta-voz, foram milhões de dólares que os islâmicos no poder em Gaza investiram na construção desses túneis, que foram totalmente engolidos.

Vale lembra que estes túneis de Gaza, escavados pelo Hamas e pela Jihad Islâmica, que chegavam ao território israelense para infiltrar comandos, foram ou destruídos ou neutralizados nos últimos anos por uma cerca eletrônica instalada por Israel a muitos metros abaixo do solo ao longo da fronteira.

Centenas de residentes palestinos tiveram que fugir rapidamente de suas casas e buscar abrigos para escapar dos ataques. Maalak Mattar, 21, é uma jovem artista de Gaza. “Eu sinto que quanto mais o tempo passa, menos chance há de sobrevivência”, ela diz. Todas as noites pensamos que será a noite, a pior noite. Não há mais esperança e o sentimento dominante é o medo. E tudo isso é extremamente prejudicial à nossa saúde."

Maalak explica que demorou "sete anos para curar suas feridas desde a guerra de 2014". "E então tudo volta de novo, só que pior", ela exclama. E nós, palestinos em Gaza, temos medo de nós mesmos. Porque me pergunto: se eu for morta lá, o que acontece? Nada! Israel será considerado responsável? Nunca será. Não tenho mais esperança para a situação. Pensando em como é fácil matar pessoas ... e nada acontece. É o que está acontecendo."

Na noite desta quinta-feira, a Faixa de Gaza estava à beira de um ataque do exército israelense, de acordo com um anúncio oficial. Mas duas horas depois, um retrocesso: o Estado-Maior alega um erro de "comunicação interna" e afirma que o combate contra o Hamas se dará fora de Gaza.

Violência intercomunitária em cidades mistas

Também na noite desta quinta-feira, a violência eclodiu em diversas cidades mistas. Cerca de mil policiais de fronteira foram chamados para interceder. Nos últimos três dias, mais de 400 pessoas, entre árabes e judeus, foram presas.

Essa violência intercomunitária mergulha o país no caos. O estado de emergência foi declarado em Lod. Um toque de recolher noturno também está em vigor nesta cidade localizada no meio do caminho entre Tel Aviv e Jerusalém.

Ainda nesta quinta-feira, em torno das 20h, um helicóptero da polícia israelense sobrevoava a cidade de Lod a baixa altitude. É o início do toque de recolher. No entanto, jovens árabes, muçulmanos e cristãos, ainda estão reunidos próximos de sua mesquita e da igreja, logo ao lado, relata o enviado especial da RFI Sami Boukhelifa. Encapuzados, eles afirmam estar em guarda.

“Todos os dias, judeus supremacistas clamam: 'Morte aos árabes!' Eles nos atacam. E nos ameaçam também. Dizem: ‘Vamos incendiar suas mesquitas e locais de culto’, conta um deles.

Esses judeus supremacistas são colonos vindos em massa da Cisjordânia ocupada. Esta semana, um deles matou um árabe israelense. No entanto, um deles garante: ele e seus amigos estão lá apenas para defender sua comunidade dos "agressores árabes".

“Mostre-me um único judeu que faria mal a um árabe. Um judeu nunca atacaria um árabe. Eu tenho um amigo que mora aqui, ele morre de medo. Ele está apavorado com esses acontecimentos. Estou aqui para protegê-lo. Quero paz, mas os árabes estão criando problemas”, afirma.

Na cidade, rajadas de fogo ecoam. Alguns colonos estão armados. "Nós também estamos [armados]", afirma um árabe israelense. A polícia está fortemente presente, mas não parece ser capaz de identificar a origem dos tiroteios.

Macron: “urgência de um retorno à paz"

O presidente francês, Emmanuel Macron, "lembrou o compromisso inabalável da França com a segurança de Israel" e sublinhou "a urgência de um retorno à paz" no Oriente Médio, nesta sexta-feira, durante uma conversa por telefone com o premiê israelense, Benjamin Netanyahu, de acordo com o Palácio do Eliseu.

O presidente francês "apresentou suas condolências pelas vítimas de disparos reivindicados pelo Hamas e por outros grupos terroristas, que ele mais uma vez condenou veementemente" e também expressa a Netanyahu "sua preocupação com as populações civis em Gaza", continua o comunicado de imprensa da presidência.

Emmanuel Macron já havia conversado quinta-feira com o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, quando declarou estar preocupado com a escalada atual de violência entre Israel e o Hamas.

(Com informações de agências)

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