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Mianmar: população volta às ruas contra violência dos militares

Os birmaneses manifestam novamente nesta sexta-feira (26) para denunciar o golpe de Estado do dia 1º de fevereiro, após mais um dia de violência nesta quinta-feira (25). A repressão das forças armadas nas ruas teria deixado nove mortos e sete feridos. Pelo menos 320 pessoas morreram nos protestos desde o golpe que tirou Aung San Suu Kyi do poder, segundo a Associação de Assistência aos Presos Políticos (AAPP).  

Protesto em Yangon, Mianmar, sexta-feira, 26 de março de 2021.
Protesto em Yangon, Mianmar, sexta-feira, 26 de março de 2021. AP
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Nesta sexta-feira pela manhã, diversas pessoas desfilaram em Mandalay, a segunda maior cidade do país. De acordo com o site local Mizzima, os participantes seguravam cartazes promovendo a "a desobediência civil". Durante a noite, protestos pacíficos com velas também foram organizados. 

De acordo com a AAPP, os militares tentam abafar os protestos antes da Jornada das Forças Armadas, que é comemorada neste sábado e lembra o lançamento da resistência armada contra a ocupação japonesa em 1945, com a organização de desfiles em Naypytaw.

Mianmar enfrenta protestos cotidianos desde a queda do governo de Aung San Suu Kyi, que recebeu um prêmio Nobel da Paz em 1991 pela sua campanha em favor da instauração de um regime civil democrático na Birmânia. Ela continua detida, assim como outros membros da Liga Nacional para a Democracia. 

A junta militar tenta justificar o golpe afirmando que as eleições de 8 de novembro, vencidas pelo partido da líder, foram fraudadas. A comissão eleitoral rejeita a acusação. Os dirigentes militares prometeram novas eleições, mas não fixaram uma data e declararam estado de emergência.

O país também enfrenta um revés econômico por conta da instabilidade política, de acordo com previsões do Banco Mundial, que revê para baixo as previsões para a economia, com uma queda de 10% em 2021 e não crescer, como havia sido previsto anteriormente.

Sanções 

O Reino Unido e os Estados Unidos anunciaram nesta quinta-feira novas sanções contra os interesses financeiros da junta militar, atingindo dois conglomerados industriais de propriedade dos militares.  

"As sanções de hoje têm como alvo interesses financeiros do Exército, com o objetivo de cortar as fontes de financiamento de suas campanhas de repressão contra os civis", disse o ministro britânico das Relações Exteriores, Dominic Raab, ao anunciar, por comunicado, as sanções contra o grupo Myanmar Economic Holdings (MEHL).

Raab acusou o conglomerado, propriedade de antigos e atuais militares birmaneses, de estar envolvido em "graves violações dos direitos humanos" ao financiar a campanha de "limpeza étnica" das Forças Armadas contra a minoria rohingya em 2017. Além do MEHL, Washington também pronunciou sanções contra outro conglomerado de propriedade militar, o Myanmar Economic Corporation.

"Os militares controlam partes significativas da economia do país através dessas duas corporações", especialmente nos setores do comércio, dos recursos naturais, álcool, cigarros e dos bens de consumo, destacou um comunicado do Tesouro dos EUA.

O relator especial da ONU para Mianmar, Tom Andrews, considerou que a comunidade internacional não foi muito longe, e apontou que as sanções específicas "não bloquearam o acesso da junta às receitas que contribuem para sustentar suas atividades ilegais". Indonésia e Cingapura, países influentes daquela região, pediram à junta que deixe de usar armas letais.

(Com informações da AFP)

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