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Turquia/ Bruxelas

Em Bruxelas, Erdogan aumenta pressão sobre a Otan e a União Europeia

O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, se reuniu nesta segunda-feira (9) em Bruxelas com líderes da Otan e da União Europeia, enquanto aumentam as tensões envolvendo refugiados que tentam cruzar a fronteira greco-turca. Erdogan está em busca de mais ajuda financeira, política e militar. Os milhares de refugiados, à procura de um país seguro para recomeçarem a vida.

O presidente turco Recep Tayyip Erdogan.
O presidente turco Recep Tayyip Erdogan. ADEM ALTAN / AFP
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correspondente da RFI em Bruxelas

O tom franco das negociações entre o líder turco e Bruxelas não amenizaram o clima relativamente tenso do encontro. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou que “a reunião foi apenas o início de um processo para ver o quanto mais a União Europeia pode apoiar financeiramente a Turquia para lidar com os refugiados que chegam de zonas de guerra”.

Erdogan faz um jogo pesado com a Europa. Para pressionar a União Europeia, há dez dias, Ancara “abriu seus portões”. Desde então, 35 mil refugiados da Turquia, vindos principalmente da cidade síria de Idlib, se dirigiram às fronteiras com a Grécia. Eles foram recebidos com bombas de fumaça e gás lacrimogênio disparados tanto pela polícia da Turquia quanto da Grécia. A situação é caótica. Nesta segunda-feira, a Alemanha afirmou que o bloco considera receber 1,5 mil crianças refugiadas que estão na região.

Para Bruxelas, Erdogan chantageia a Europa em troca de mais dinheiro. A União Europeia condenou o uso de pressão migratória com fins políticos. A intenção de Recep Tayyip Erdogan é conseguir apoio do bloco europeu em relação a seus planos na Síria, como a “zona tampão” ao longo da fronteira da Turquia com a Síria, onde pretende transferir 2 milhões de refugiados para desestabilizar a configuração étnica na região, dominada pelos curdos. O maior pesadelo de Erdogan é a independência dos curdos, que representam 20% da população do país.

“Apoio concreto” da Otan

Mais cedo, na sede da aliança militar, Erdogan pediu “apoio concreto” da Otan na sua fronteira com a Síria. Ao lembrar o ataque pelas forças do regime sírio de Bashar al-Assad que matou diversos soldados turcos no final do mês passado, o presidente turco ressaltou que “a fronteira turco-síria é também uma fronteira sudeste da Otan”, e que “a crise na Síria é uma ameaça não só à região, mas à toda Europa”.

O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, reconheceu que a Turquia é o aliado mais afetado na guerra da Síria, mas enfatizou que a aliança militar tem dado apoio, inclusive com “mísseis de defesa para proteger a Turquia de ataques vindos da Síria”.

Depois da Otan, Erdogan seguiu para as instituições europeias, onde se reuniu com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e com o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel. Além da situação dos refugiados, foram abordadas as relações entre UE-Turquia e a crise na Síria e a estabilidade na região.

Desde que liberou as fronteiras da Turquia, para que os refugiados se dirigissem rumo à Europa, no final do mês passado, Erdogan “rasgou” o acordo assinado com a União Europeia, em 2016, para manter em seu território quase 4 milhões de refugiados – sobretudo sírios e afegãos – em troca de € 6 bilhões de Bruxelas.

Recentemente, Erdogan acusou Bruxelas de falta de solidariedade em suas operações militares na Síria, além de reclamar que a Turquia já gastou cerca de € 40 bilhões para manter os refugiados na Turquia.

Reforma do sistema de asilo

Na próxima quarta-feira (11), o Parlamento Europeu vai debater a crescente tensão na fronteira entre a Turquia e a Grécia. De acordo com o presidente da Comissão de Liberdades Civis, Justiça e Assuntos Internos do legislativo do bloco, Juan Fernandez López Aguilar, a situação atual poderia ter sido evitada.

“Os governos dos Estados-membros falharam em responder os inúmeros pedidos para que se reformasse o sistema de asilo da União Europeia”, sentenciou.

A pressão migratória na Europa mostrou a necessidade em reformar a política de asilo no continente europeu, assim como uma melhor divisão das responsabilidades entre os países do bloco. Nos últimos anos, milhares de pessoas fugiram de guerras e perseguições políticas para a União Europeia.

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