Refugiados andam quase 300 km para tentar atravessar fronteira da Turquia com a Grécia
Em Edirne, no norte da Turquia, milhares de pessoas esperam por uma suposta abertura do posto de fronteira que faz divisa com a Grécia. O local se transformou em um acampamento improvisado, onde os refugiados aguardam uma liberação da passagem, desde que as autoridades turcas anunciaram que deixariam os migrantes entrar na Europa.
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Cerise Sudry-Le Dû, enviada especial da RFI à Edirne, fronteira da Grécia com a Turquia
De acordo com a enviada especial da RFI a Edirne, Cerise Sudry-Le Dû, o campo abriga milhares de pessoas e muitas famílias com crianças. Há lixo e detritos espalhados por todos os lados e barracas feitas de toldos de plástico achado no chão ou comprados a peso de ouro nas redondezas. Sírios, iranianos, afegãos e iraquianos aguardam desesperadamente a abertura da fronteira.
No fim de semana, o presidente turco, Recep Tayyp Erdogan anunciou que abriria as fronteiras do país para a Europa. Ele alega que os europeus não cumpriram sua parte do acordo fechado em 2016, que prevê a contenção do fluxo migratório em troca de ajuda financeira. A decisão, entretanto, visa pressionar a União Europeia a apoiar os turcos no conflito na Síria contra a Rússia, que apoia o regime de Bashar al-Assad.
Nadine, originária de Homs, na Síria, veio para Erdine logo após ouvir o discurso de Erdogan. Ela andou 285 quilômetros a pé. “Você vive na floresta, não tem nada para comer, nada para beber. Quero ir para a Europa e deixar essa triste história para trás”, disse. Ela conta não ter coragem de atravessar a fronteira ilegalmente, porque representaria um grande risco.
“Hello my friend, how are you?”
Não é o caso de Abdullahay, um outro migrante, que tentou, sem sucesso, atravessar a fronteira duas vezes desde a última sexta-feira (29). Nas duas ocasiões ele foi impedido pelos soldados gregos, depois de ser revistado e enviado de volta para a Turquia. “Se você chega tranquilamente e diz: ‘oi meu amigo, tudo bem? Eu adoro os gregos’, geralmente não há problema”, diz.
Apesar das condições de vida deploráveis, conta a correspondente da RFI, a falta de água potável e de higiene, que é totalmente inexistente, a maioria dos migrantes têm esperança que a fronteira acabará sendo aberta. Enquanto isso, a violência não para de aumentar nos acampamentos. Os confrontos, desde quarta-feira (4), deixaram pelo menos um morto e vários migrantes feridos. A imprensa não tem acesso ao local.
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