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Internet/fraude

Fraude sentimental na internet se transforma em fenômeno global

Em 2019, o Escritório de Ajuda contra as fraudes (Fraude Help Desk) em Arnhem, na Holanda, recebeu 639 queixas das chamadas fraudes sentimentais. O termo define pessoas que aproveitam da solidão alheia para extorquir dinheiro pela Internet.

A sedução virtual para extorquir dinheiro tem se tornado cada vez mais comum.
A sedução virtual para extorquir dinheiro tem se tornado cada vez mais comum. Getty Images/People Images
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Sabine Cessou, correspondente da RFI na Holanda

Segundo o órgão, 259 denúncias foram feitas por vítimas que perderam, juntas, cerca de € 3,74 milhões – o que equivale a uma média de € 14.457 por pessoa. O fenômeno atinge diversos países. O Escritório lembra que os números de 2019, ao menos no país, são bem superiores aos de 2017: 412 queixas e € 1,65 milhão.

A entidade dá suporte jurídico para as vítimas, ainda que poucos casos possam ser levados aos tribunais. Isso porque as extorsões virtuais são feitas do exterior, o que dificulta a obtenção de provas. Segundo os investigadores, muitas vítimas preferem não fazer nenhum tipo de denúncia, por vergonha.

“As mulheres com mais de 45 anos divorciadas ou viúvas são as mais vulneráveis”, explica Tanya Wijngaarde, porta-voz do Fraude Help Desk. Os criminosos, diz, exploram “a solidão das pessoas que precisam de contato humano.” Os sedutores on-line se passam por britânicos ou americanos expatriados, em países onde possuem contas bancárias, e investem meses, ou até anos, em uma relação virtual. Depois de conquistar a confiança das vítimas, eles sugerem um empréstimo.

Na Grã-Bretanha a situação também é preocupante. A National Fraud Intelligence Bureau, divisão da polícia de Londres que investiga esse tipo de crime, identificou cerca de 3.890 vítimas em 2017, com perdas estimadas em € 46,25 milhões. Os dados de 2019 ainda não foram divulgados. De acordo com os policiais, uma mulher contou que chegou a depositar cerca de € 300 000 na conta de um caso virtual, que ela encontrou no site Match.com. Ele se identificava como um empresário italiano expatriado na Turquia.

A tática usada pelos criminosos é simples: eles “roubam” uma foto de perfil do Facebook e se passam por pessoas, em geral, da mesma origem que suas vítimas. Nos Estados Unidos, a divisão do FBI responsável por esse tipo de investigação recebeu 18.000 queixas em 2018, de vítimas que perderam cerca de US$ 362 milhões – um aumento de 70% em relação a 2017. Com as altas registradas em vários países, o crime se tornou o sétimo mais popular na rede.

Rede da Nigéria

Em agosto de 2019, 17 pessoas – a maioria nigerianos que moravam em Los Angeles, na Califórnia, foram detidos no desmantelamento de uma rede de 80 criminosos. O mini-cartel é acusado de ter obtido US$ 6 milhões de mulheres mais velhas e solitárias no mundo. Uma japonesa, por exemplo, chegou a depositar U$S 200 mil na conta de um falso soldado americano baseado na Síria.  Outra operação da polícia levou à prisão de sete outros suspeitos, também nigerianos, em Oklahoma, New York e Califórnia. Eles são suspeitos de terem roubado US$ 1,5 milhão, que foi investido em um negócio de vendas de peças usadas de carro entre a Nigéria e os Estados Unidos.

 

 

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