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Boeing 737/Irã

Avião ucraniano estava em chamas antes de cair no Irã

O Boeing 737 da Ukraine International Airlines pegou fogo antes da queda na quarta-feira (8), seis minutos após decolar do Aeroporto Internacional de Teerã com destino a Kiev, matando as 176 pessoas a bordo. As novas informações foram reveladas em um comunicado da Aviação Civil iraniana nesta quinta-feira (9).

Destroços do Boeing 737 da Ukraine International Airlines, que caiu na manhã de quarta-feira (8), logo após decolar do Aeroporto Internacional de Teerã com destino a Kiev.
Destroços do Boeing 737 da Ukraine International Airlines, que caiu na manhã de quarta-feira (8), logo após decolar do Aeroporto Internacional de Teerã com destino a Kiev. Iran Press/Handout via REUTERS
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Os investigadores iranianos citam testemunhas que estavam em solo e em um outro avião que sobrevoava a mesma zona do Boeing ucraniano, mas em altitude superior. Segundo esses relatos, o aparelho já estava em chamas antes de cair em Chahriar, no sudoeste de Teerã. "Um incêndio foi observado na aeronave e aumentou rapidamente", reitera o relatório preliminar.

O documento também aponta que a última inspeção do Boeing 737 foi realizada na segunda-feira (6). Segundo o relatório, o aparelho teve um problema técnico momentos após a decolagem e começou a retornar ao aeroporto antes da queda.

No entanto, os investigadores não revelam a natureza da falha encontrada. De acordo com uma fonte próxima dos serviços de segurança do Canadá, a principal suspeita é que o motor do avião tenha superaquecido. Nenhuma comunicação por rádio foi realizada pelo piloto e a aeronave desapareceu dos radares quando estava a oito mil pés de altitude (cerca de 2.500 metros).

176 mortos

O voo PS752 da Ukraine International Airlines decolou às 6h10 de quarta-feira (23h40 de terça-feira no horário de Brasília) do aeroporto Imã Khomeini, em Teerã, com destino ao aeroporto Boryspyl de Kiev. O Boeing 737 transportava 176 pessoas: 82 iranianos, 63 canadenses, dez suecos, quatro afegãos e três britânicos. Outros 11 eram ucranianos, incluindo os nove tripulantes. Ao menos trinta vítimas eram da região de Edmonton, Canadá, que acolhe uma importante diáspora iraniana.

Segundo a lista de passageiros, pelo menos 25 tinham menos de 18 anos. Treze deles eram estudantes da Universidade Sharif, em Teerã, uma das mais prestigiadas do país, segundo a agência Isna.

O primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, pediu uma "investigação profunda". Já o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, interrompeu suas férias em Omã para retornar à Kiev, ordenou uma investigação e anunciou a inspeção de "toda frota aérea civil ucraniana", independentemente da causa do acidente.

Tensão entre EUA e Irã

O acidente com o avião da Ukraine International Airlines ocorre em um momento em que o Oriente Médio atravessa um sério período de tensão com os Estados Unidos e logo após Teerã disparar mísseis contra as forças americanas no Iraque, em retaliação ao assassinato do general iraniano Qassem Soleimani. No entanto, até o momento, nada indica que esses eventos estejam relacionados. O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, advertiu para o risco de qualquer "especulação".

O aiatolá Ali Khamenei, o guia supremo iraniano, transmitiu no Twitter suas "sinceras condolências" às famílias das vítimas deste acidente "desastroso". A embaixada ucraniana no Irã emitiu um comunicado no qual menciona uma "pane em um motor da aeronave, devido a razões técnicas", e dizendo excluir "a tese de um ataque terrorista".

Imagens amadoras veiculadas pela mídia estatal iraniana mostram o Boeing em chamas perdendo altitude e explodindo com o impacto no solo. Especialistas em aviação descartam a possibilidade de que o aparelho tenha sido abatido. "O avião estava subindo (...) na direção certa, o que significa que algo catastrófico aconteceu", mas não "uma bomba, ou pane catastrófica", observou Stephen Wright, professor da Universidade de Tempere, na Finlândia.

A Boeing afirmou em comunicado indicando que está "disposta a ajudar por todos os meios necessários". As duas caixas-pretas foram encontradas, mas, segundo a Aviação Civil iraniana, elas não serão enviadas a Washington. Apenas alguns países, incluindo Estados Unidos, Alemanha ou França, têm capacidade técnica para analisar caixas-pretas.

Sem citar o Irã diretamente, o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, pediu uma "cooperação total com toda a investigação e as causas" do acidente. A Boeing também indicou que está "disposta a ajudar por todos os meios necessários".

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