Trump diz que Soleimani “deveria ter sido morto há muito tempo”, e Irã promete vingança
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, acusou nesta sexta-feira (3) o chefe da Guarda Revolucionária do Irã, general Qasem Soleimani, de ter matado milhares de americanos ao longo dos anos e disse que o iraniano já deveria ter sido morto há muito tempo.
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Soleimani foi assassinado na quinta-feira (2) durante um ataque de drones comandado pelos EUA na área do aeroporto internacional de Bagdá, no Iraque. Comandante das forças especiais Al-Qus do Irã, Soleimani era considerado uma das figuras mais poderosas do país.
O Pentágono informou nesta sexta (3) que a ordem de matar o general iraniano foi dada por Trump após o ataque de uma multidão liderada por milícias pró-Irã contra a embaixada americana em Bagdá na terça-feira (31).
"O general Qassem Soleimani matou, ou feriu gravemente, milhares de americanos durante um longo período e planejava matar muitos mais (...) Era direta e indiretamente responsável pela morte de milhões de pessoas", publicou Trump em seu Twitter.
"Embora o Irã nunca vá ser capaz de admitir isso claramente, Soleimani era ao mesmo tempo detestado e temido em seu país", afirmou. "Deveria ter sido assassinado há muitos anos", completou o presidente americano.
O general, de acordo com o Pentágono, vinha "desenvolvendo ativamente planos para atacar diplomatas americanos e membros oficiais no Iraque e em toda região".
O secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, afirmou que Soleimani tramava "uma ação importante" contra a vida de centenas de americanos.
Após o ataque, a embaixada dos EUA recomendou a seus cidadãos que abandonem "imediatamente" o Iraque. Funcionários americanos do setor petroleiro já deixaram o país.
Com a escalada da tensão, os Estados Unidos informaram que serão enviadas novas tropas ao Oriente Médio --entre 3.000 e 3.500 soldados-- para reforçar suas forças militares na região.
General Qassem Soleimani has killed or badly wounded thousands of Americans over an extended period of time, and was plotting to kill many more...but got caught! He was directly and indirectly responsible for the death of millions of people, including the recent large number....
Donald J. Trump (@realDonaldTrump) January 3, 2020
Irã promete vingança
O supremo líder iraniano, aiatolá Ali Khamenei, declarou três dias de luto no país e pediu vingança contra os Estados Unidos pela morte de Soleimani, que comandava as operações militares de Teerã no Iraque e na Síria.
"Uma vingança implacável aguarda os criminosos que sujaram suas mãos com o sangue dele e de outros mártires", publicou o líder religioso em suas redes sociais.
O presidente iraniano, Hassan Rohani, seguiu no mesmo tom. "Não há nenhuma dúvida de que a grande nação do Irã e outras nações livres da região se vingarão por este crime horrível dos criminosos Estados Unidos."
O Conselho Supremo de Segurança Nacional iraniana, mais alta instância da área no país, chamou o ataque de "o mais grave erro" dos Estados Unidos e prometeu uma dura vingança" no lugar e na hora certos".
Movimentos pró-Irã na região, como o Hezbollah libanês, o Hamas palestino e os houthis do Iêmen, reagiram com promessas de retaliação.
Nesta sexta, milhares de iranianos foram às ruas de Teerã em protesto contra a morte de Soleimani.
“Uma pesquisa publicada há dois anos indicou que o índice de popularidade de Soleimani no Irã era de 83%, superior à do próprio presidente, Hassan Rohani. Os iranianos tinham um profundo respeito por ele”, explica Didier Billion, diretor-adjunto do Instituto de Relações Internacionais e Estratégicas (Iris), especialista em Oriente Médio.
Comunidade internacional pede prudência
Preocupada com a rápida escalada da tensão no Oriente Médio, a comunidade internacional reagiu ao bombardeio. China, União Europeia, Grã-Bretanha, França, Rússia e a ONU pediram calma e prudência.
"O mundo não pode se permitir outra guerra no Golfo", afirmou o secretário-geral da ONU, António Guterres, em nota divulgada nesta sexta.
Em um comunicado do ministro de Relações Exteriores francês, Jean-Yves Le Drian, a França pediu que o "Irã evite qualquer medida que possa agravar a instabilidade regional ou levar a uma grave crise nuclear".
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, interrompeu sua viagem à Grécia e retornou a Israel com urgência.
“O ataque americano não chega a ser uma declaração de guerra, já que isso é bem enquadrado nas relações internacionais. Mas é evidente que os iranianos não ficarão inertes e sem responder a essa agressão", avalia Didier Billion. Para o especialista, as bases militares americanas podem ser alvos de futuros ataques, assim como navios que passarem pela região.
(Com informações da AFP)
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