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Campo de batalha

Manifestantes atacam embaixada dos EUA no Iraque; Trump acusa Irã, que nega participação

Milhares de manifestantes iraquianos entraram à força na embaixada dos Estados Unidos em Bagdá nesta terça-feira (31), em protesto contra os bombardeios norte-americanos.

Manifestantes invadem área da embaixada norte-americana em Bagdá, no Iraque
Manifestantes invadem área da embaixada norte-americana em Bagdá, no Iraque REUTERS/Alaa al-Marjani
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Os ataques de domingo mataram 25 combatentes das brigadas do Kataeb Hezbollah, um grupo armado xiita iraquiano apoiado pelo governo iraniano.

No Twitter, o presidente Donald Trump acusou o Irã de "orquestrar" o ataque à embaixada de Washington em Bagdá. Horas depois, o ministro iraniano de Relações Exteriores, Abas Musavi, negou apoio ao ataque e chamou de “audácia” a acusação norte-americana.

Protesto contra morte de 25

O ataque de Washington com a morte de 25 combatentes no domingo alimentou o sentimento antiamericano entre os apoiadores pró-Irã no Iraque, país abalado desde 1º de outubro por uma revolta popular contra o governo iraquiano, acusado de corrupto e incompetente.

Os milhares de manifestantes que participavam do cortejo fúnebre dos combatentes mortos em Bagdá nesta terça conseguiram atravessar pontos da capital iraquiana sob forte controle de segurança e se reuniram em frente ao grande complexo diplomático dos EUA.

A ação começou com uma oração em memória aos mortos e depois seguiu com um protesto que invadiu a primeira barreira de proteção da sede diplomática.

Os manifestantes pró-Irã queimaram bandeiras norte-americanas aos gritos de “Morte à América”, arrancaram câmeras de segurança, atiraram pedras nas torres dos guardas e cobriram o vidro blindado com bandeiras das Forças de Mobilização Popular e das brigadas do Kataeb Hezbollah.

O Kataeb Hezbollah é uma das menores milícias apoiadas pelo Irã, mas uma das mais potentes. O comandante da milícia Jamal Jaafar Ibrahimi, também conhecido como Abu Mahdi al-Mohandes, participou do protesto.

As forças de segurança da embaixada norte-americana atiraram bombas de lacrimogêneo para dispersar a multidão. De acordo com a agência Reuters, ao menos 12 milicianos foram feridos pelas bombas de efeito moral.

Duas horas após o início do ataque, o primeiro-ministro iraquiano, Adel Abdel Mahdi, pediu aos manifestantes que deixassem o complexo e alertou que "as forças iraquianas proibirão estritamente qualquer ataque à representação diplomática".

Sentimento antiamericano

Embora o ataque não tenha sido reivindicado, Washington o atribuiu às brigadas do grupo Kataeb Hezbollah.

Os americanos dizem que as Forças de Mobilização Popular -que têm unidades nascidas para combater a ocupação americana- representam uma ameaça para os Estados Unidos ainda mais importante que o grupo Estado Islâmico.

No entanto, o grupo lutou ao lado dos americanos nos três anos de guerra contra o grupo EI em território iraquiano.

Bagdá anunciou que convocaria o embaixador americano -atualmente, fora do país- e Washington acusou o Iraque de não saber proteger seus soldados e diplomatas presentes no país "a convite do governo".

O primeiro-ministro iraquiano admitiu que o Pentágono o havia alertado dos ataques antes que eles ocorressem e que o governo "tentou advertir os comandantes", aparentemente em vão.

Guerra em território alheio

Bagdá teme que seus dois aliados, Estados Unidos e Irã, usem o Iraque como campo de batalha.

Teerã afirmou que os ataques dos Estados Unidos significam "apoio ao terrorismo" e negou ter responsabilidade no ataque.

"A surpreendente audácia dos responsáveis americanos é tal que após matar ao menos 25 iraquianos [em bombardeios aéreos] e violar a soberania e a integridade territorial do Iraque [...], atribuem à República Islâmica do Irã as manifestações do povo iraquiano contra seus atos cruéis", declarou o porta-voz do ministério iraniano das Relações Exteriores, Abas Musavi.

Enquanto isso, os aliados de Washington no Golfo denunciaram os ataques às bases americanas no Iraque e apontaram que o Irã e as facções que colaboram com ele são uma "força de desestabilização" contra a qual qualquer país "tem o direito de se defender".

A Arábia Saudita condenou o que chamou de "ataques terroristas" contra as forças americanas no Iraque.

De volta ao Twitter, Trump ameaçou o governo de Teerã: "O Irã será responsabilizado por vidas perdidas ou danos causados ​​em qualquer uma de nossas instalações. Eles vão pagar um preço muito grande! Isso não é um aviso, é uma ameaça. Feliz Ano Novo!".

(Com informações da AFP)

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