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Crise desde outubro

Protestos voltam a tomar as ruas do Iraque, que continua sem primeiro-ministro

O Iraque voltou a ter nesta segunda-feira (23) protestos, estradas bloqueadas e greves. A população retomou às ruas em protesto contra um governo paralisado, que não consegue fechar acordo para nomear um primeiro-ministro.

Manifestantes bloqueiam estrada, em Najaf, durante protesto contra o governo do Iraque no dia 23 de dezembro de 2019
Manifestantes bloqueiam estrada, em Najaf, durante protesto contra o governo do Iraque no dia 23 de dezembro de 2019 REUTERS/Alaa al-Marjani
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Enquanto o governo afunda na disputa entre políticos pró-Irã, que querem impor seu candidato, e o presidente da República, que resiste, os manifestantes voltaram às ruas após várias semanas de calma no país.

Nesta segunda (é), espessas nuvens de fumaça negra cobriram algumas cidades do sul do país: pneus queimados bloquearam o tráfego como sinal do descontentamento dos manifestantes que querem derrubar o governo.

São milhares de pessoas bloqueando estradas, pontes e o acesso a prédios públicos "por ordem popular", apesar de também existir uma grande campanha de intimidação travada, segundo a ONU, por "milícias", com assassinatos e sequestros de militantes.

Em Diwaniya, Nassiriya, al-Hilla, Kut e Amara, todas cidades do sul do país, as portas das escolas e administrações públicas permaneceram fechadas.

"Estamos endurecendo a mobilização porque recusamos o candidato da classe política que está nos roubando desde 2003", disse à AFP Ali al-Diwani, um jovem manifestante.

Nas ruas desde outubro

O país enfrenta uma grave crise política desde outubro, quando grandes protestos tomaram as ruas das principais cidades do país. As manifestações foram violentas e, até o momento, causaram 460 mortes e cerca de 25 mil feridos, segundo a Al Jazeera.

Para os iraquianos nas ruas, o sistema político estabelecido pelos norte-americanos após a queda de Saddam Hussein, em 2003, está sem fôlego. Em 16 anos, o renascimento econômico prometido nunca aconteceu.

"Queremos uma coisa muito simples: um primeiro-ministro competente e independente, que nunca esteve envolvido com partidos desde 2003", disse Mohammed Rahmane, engenheiro de Diwaniya.

As facções pró-Irã, com grande influência no Iraque, pressionam pela nomeação do ministro do Ensino Superior, Qussaï al-Suheil.

Contudo, o presidente Barham Saleh, que deve assinar a nomeação do primeiro-ministro, opõe um veto categórico ao candidato rejeitado pelas ruas.

E ele não é o único. O turbulento líder xiita Moqtada Sadr, que lidera o primeiro bloco no Parlamento, rejeita pessoalmente Qussaï, um ex-apoiador de seu movimento que depois passou para o lado do seu inimigo, o ex-primeiro-ministro Nuri al-Maliki, pró-Irã.

O cargo de primeiro-ministro deveria ter sido designado há quase uma semana, mas a nomeação foi adiada por falta de acordo.

Revisão da lei eleitoral

Para obter a renovação da classe política que reivindicam, os manifestantes exigem uma revisão da lei eleitoral.

O governo e o Parlamento iniciaram uma reforma do sistema, que mistura proporcionalidade e listas, favorecendo os grandes partidos e seus líderes de lista.

Os manifestantes querem uma eleição uninominal "para garantir a entrada na política de uma nova geração capaz de limpar tudo o que os partidos no poder corromperam", continua Mohammed Rahmane.

“Os líderes não estão trabalhando seriamente para romper o impasse, então continuaremos a nos mobilizar", advertiu Saad Nasser, um funcionário público de 30 anos.

(Com informações da AFP e da Reuters)

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