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Refugiados/ONU

ONU organiza o primeiro Fórum Mundial sobre Refugiados, maior evento já realizado sobre imigração

Há um ano a Assembleia Geral da ONU adotava o Pacto Mundial sobre os Refugiados, sob polêmicas incitadas por partidos de extrema-direita. Um ano depois, as Nações Unidas tentam dar um novo impulso realizando, a partir desta terça-feira (17), o Fórum Mundial sobre Refugiados.

O campo de refugiados de Bentiu, no Sudão do Sul.
O campo de refugiados de Bentiu, no Sudão do Sul. RFI/Sébastien Nemeth
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Jérémie Lanche, correspondente da RFI em Genebra

O objetivo do primeiro Fórum Mundial sobre Refugiados é passar das promessas aos atos, obtendo financiamentos para programas que beneficiem os migrantes. O evento, no entanto, não está longe de criar uma nova polêmica sobre a questão.

O Fórum Mundial sobre Refugiados é a maior reunião já organizada pela ONU sobre a questão. Ela ocorre em um momento crucial, porque o mundo nunca teve tanto deslocados: 71 milhões em 2016, entre eles, 26 milhões de refugiados.

Com o evento, o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, espera obter engajamentos financeiros da parte de Estados e empresas para melhorar as condições de acolhimento de refugiados. "Migrações seguras, ordenadas e regulares são do interesse de todos. No entanto, ouvimos frequentemente mentiras perigosas sobre o migrantes e vemos as dificuldades que eles enfrentam, ideias mais guiadas pelo medo do que pelos fatos", afirma.

"Distribuição da carga e da responsabilidade"

Apenas um ano após a adoção do pacto mundial, o Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (Acnur) convida líderes, representantes da sociedade civil e de empresas para apresentarem propostas concretas sobre a "distribuição da carga e da responsabilidade" dessas populações. "O debate não se concentra apenas nos refugiados, mas também nos países que os acolhem e será a ocasião para colocar em prática propostas sobre emprego, educação, energia, ou meio ambiente, afirma Kelly Clements, alta comissária adjunta do Acnur.

Segundo ela, 71 milhões de pessoas foram deslocadas em 2018, incluindo 26 milhões de refugiados, um recorde. "Seja no caso dos Estados, das organizações internacionais, do setor privado, sentimos a necessidade de dar uma melhor resposta" ao desafio migratório.

Já o alto comissário das Nações Unidas para os Refugiados, Filippo Grandi, declarou que espera deste encontro, sobretudo, contribuições "financeiras", uma "assistência material" e anúncios em matéria de reinstalações por parte de alguns países. A ONU também pede o engajamento do setor privado, já que cerca de 100 empresas vão participar do evento.

Turquia pode utilizar fórum como tribuna

Vários chefes de Estado e de governo participam do fórum. A chanceler alemã, Angela Merkel, não marcará presença. Já o presidente Recep Tayyip Erdogan pretende utilizar o fórum como tribuna para tentar convencer a Europa de sua política imigratória e talvez ameaçar os líderes europeus de abrir suas fronteiras da Turquia com o Velho Continente, caso não obtenha mais ajuda financeira. O país é o que contabiliza o maior número de refugiados no planeta, cerca de três milhões.

A Turquia deve falar sobre o "apoio adicional necessário", antecipa Kelly Clements. "Acho que há uma grande preocupação, principalmente pelas crises [como a da Síria] que se prolongam. Esperamos não ouvir ameaças sobre uma possível 'abertura de portas' para a Europa", admite um diplomata europeu.

O Acnur estima que 1,44 milhão de refugiados precisam ser realocados. Segundo a União Europeia, 65 mil pessoas foram acolhidas na Europa desde 2015. Os desafios continuam sendo imensos, lembrou a Ong Oxfam: a "responsabilidade" da acolhida dos refugiados "recai, injustamente, sobre alguns dos países mais pobres".

"Dois milhões de refugiados vulneráveis estão em perigo ou se mantêm na incerteza, porque vários países se negam a aceitar sua parte de responsabilidade", completou Danny Sriskandarajah, também da Oxfam.

O Pacto Mundial sobre Refugiados, que também não é vinculativo, compreende quatro objetivos principais: reduzir a pressão sobre os países anfitriões, aumentar a autonomia dos refugiados, gerar soluções visando a países terceiros e favorecer o retorno seguro dos refugiados a seus países de origem. Clements destaca que o Acnur "deverá estar disposto a ajudar ainda mais os refugiados e os países anfitriões".

(Com informações da AFP)

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