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Análise

Ataques contra petroleiros no Golfo de Omã visam desestabilizar mercado de petróleo, diz especialista

A pedido dos Estados Unidos, o Conselho de Segurança da ONU fará uma reunião extraordinária de urgência nesta quinta-feira (13) para discutir dois ataques ocorridos hoje no Golfo de Omã contra dois petroleiros no momento em que o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, estava em visita ao Irã. Washington acusa Teerã por esse novo incidente.

Um dos navios atacados hoje por torpedos de origem desconhecida no Golfo de Omã.
Um dos navios atacados hoje por torpedos de origem desconhecida no Golfo de Omã. Reuters
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Os dois navios-tanque sofreram avarias de origem desconhecida, que provocaram explosões, quando navegavam no Golfo de Omã. O incidente, o segundo em poucas semanas com navios que passavam por essa região estratégica próxima da costa iraniana, acontece em um momento de grande tensão entre o Irã e os Estados Unidos. Os preços do petróleo dispararam depois dos ataques.

O navio norueguês Altair Front e o Kokuka Courageous, de Singapura, com bandeiras das Ilhas Marshall e do Panamá, respectivamente, foram evacuados e suas tripulações transportadas em segurança para o Irã. Segundo a agência iraniana Irna, 44 marinheiros foram resgatados sem ferimentos.

O diretor de pesquisas Marc Lavergne, especialista em geopolítica do Oriente Médio e membro do laboratório Emam (Equipe do mundo árabe e mediterrâneo) da Universidade de Tours, no centro da França, considera que esses atentados foram realizados com a intenção de interromper o tráfego de petróleo no Golfo e, talvez, desestabilizar o mercado de petróleo. Ouvido pela RFI, Lavergne lembrou que apesar de os Estados Unidos terem acusado o Irã de incidentes semelhantes ocorridos em maio, até agora Washington não apresentou nenhuma prova.

Para o especialista francês, a região enfrenta atualmente uma tensão muito importante. A guerra no Iêmen, que opõe Irã e Arábia Saudita, arqui-inimigos em disputa pela hegemonia no Oriente Médio, associada à instabilidade recente no Sudão ampliou as rivalidades.

"Entre o Golfo e o Mar Vermelho existem muitos interesses divergentes. O Irã sofre de um estrangulamento financeiro depois que os Estados Unidos abandonaram o acordo nuclear e restabeleceram o embargo comercial ao país. O fato de a Marinha iraniana ter socorrido os marinheiros nesta manhã pode ser apenas uma maneira de o Irã preservar sua imagem ou um gesto humanitário. Mas também podemos pensar que esses ataques tiveram motivação terrorista. Existem muitos interesses em jogo naquela região", explica.

Explosões

O presidente da empresa Kokuka Sangyo, proprietária do petroleiro, disse que a embarcação foi atacada duas vezes num intervalo de três horas, o que provocou um incêndio na sala dos motores. O navio permanece na área sem oferecer risco para o carregamento de metano, que permanece intacto.

Já o petroleiro norueguês Altair Front transportava 75.000 toneladas de nafta e teria sido atingido por um torpedo durante a madrugada, de acordo com seu armador. Três explosões foram registradas. Sua tripulação era composta de onze russos, onze filipinos e um georgiano.

Porém, uma fonte próxima do caso declarou à agência Reuters que nenhum dos dois petroleiros foi atingido por torpedos.

Estados Unidos acusam Irã

A Quinta Frota dos Estados Unidos, com sede no Bahrein, afirmou ter recebido dois pedidos de socorro. Mas todos os tripulantes evacuados das duas embarcações foram socorridos por um navio holandês e outro iraniano. A Casa Branca declarou que o presidente Donald Trump foi informado sobre os ataques e que "o governo americano oferece ajuda e avalia a situação".

Algumas horas mais tarde, o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, declarou que o Irã era responsável pelo incidente porque estaria tentando perturbar as exportações de petróleo que passam pelo Estreito de Ormuz. Segundo Pompeo, os EUA chegaram a essa conclusão com base em informações de inteligência e depois de analisar o tipo de armas utilizado nos ataques.

Um quinto da demanda mundial de petróleo transita pelo Estreito de Ormuz, onde quatro navios mercantes já foram alvo de "atos de sabotagem" em 13 de maio. De acordo com a Arábia Saudita e os Estados Unidos, esses incidentes ocorreram devido a minas iranianas, o que Teerã nega.

Reação do Irã

O ministro das Relações Exteriores do Irã, Mohamad Javad Zarif, declarou que considera muito suspeita a coincidência entre esses ataques e a visita a Teerã do primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe.

Em um tuíte, o chanceler iraniano afirmou: "A palavra suspeito é pouco para descrever o que se deduz aparentemente desses ataques contra navios-tanque quando o primeiro-ministro (Abe) estava reunido com o guia supremo do Irã".

Após as primeiras informações sobre os ataques, o preço do barril de petróleo chegou a registrar alta de 4%.

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