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Palestina

Basílica da Natividade exibe mosaicos restaurados neste Natal em Belém

Os mosaicos da Basílica da Natividade, em Belém, voltam a aparecer em todo seu esplendor para o Natal. Depois de passar séculos cobertos pela fuligem de velas, eles já podem ser admirados pelo público após vários anos de trabalhos de restauração.

Turista fotografa escultura restaurada na Basílica da Natividade, em Belém, na Cisjordânia.
Turista fotografa escultura restaurada na Basílica da Natividade, em Belém, na Cisjordânia. REUTERS/Raneen Sawafta
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Durante 15 meses, 125 m² dos 2.000 m² de mosaicos originais, pintados durante as Cruzadas, entre 1154 e 1169, foram cuidadosamente limpos e recuperados. O restante desapareceu por falta de manutenção, umidade, terremotos e guerras. Os fragmentos restaurados agora brilham nas paredes brancas, acima das cabeças dos visitantes, transfigurando este importante local do Cristianismo construído na caverna onde, segundo os cristãos, Maria colocou Jesus no mundo.

Na parede esquerda da nave, sete anjos cercados de ouro aparecem acomodados em um tapete de grama verde brilhante vigiando os peregrinos. Cada um entre duas janelas, símbolos da luz divina. Um deles, com mais de dois metros de altura, foi descoberto sob uma camada de gesso durante a restauração.

Abaixo dos anjos, outros mosaicos representam os diferentes sínodos, assim como os ancestrais de Jesus. Inicialmente, eles cobriam todas as paredes. Fato raro, a assinatura do mestre e do artista ainda são visíveis.

No coro, São Tomás, incrédulo, coloca o dedo na ferida de Cristo depois da crucifixão, no mesmo estilo cintilante. Em contraste, ouro e cores se misturam para reconstituir a chegada de Cristo em Jerusalém: os habitantes pavimentam seu caminho com palmas e casacos, a entrada da Cidade Santa se destacando no horizonte.

Peregrinos ricos pagavam por representação na igreja

Sob os mosaicos da nave, os restauradores trouxeram à luz pinturas do mesmo período, nas colunas. Entre 1127 e o final do século XII, os ricos peregrinos pagavam artistas para representar os santos de sua família ou região no interior da igreja. Agora, as silhuetas se destacam perfeitamente nas colunas cor-de-rosa. Faltam apenas os rostos, apagados pelos muçulmanos após a conquista islâmica, uma vez que sua religião proíbe as representações humanas.

Os historiadores acreditavam que a primeira igreja, construída no século IV pelo imperador Constantino e sua mãe Helen, havia sido destruída pelo fogo. Mas nenhum vestígio de incêndio foi encontrado durante a restauração, o que aponta para a hipótese de um terremoto.

Os bizantinos reconstruíram o edifício no século VI, e depois os cruzados o enriqueceram. Mas o prédio não era restaurado desde meados do século XIX por falta de acordo entre as três Igrejas – Católica Romana, Ortodoxa Grega e Armênia –, que administram conjuntamente o local.

Essa situação mudou quando o governo palestino e as três entidades cristãs lançaram, em coordenação e sob a supervisão da Unesco, a iniciativa de restauração do monumento. O projeto foi orçado em quase US$ 20 milhões. O governo brasileiro participou do esforço em 2008, com uma doação de R$ 792 mil. A Autoridade Palestina continua sendo o maior contribuinte financeiro. As doações chegam a conta-gotas, mas a restauração deve ser concluída até o final de 2019.

Construída a partir do século IV, para marcar o local do nascimento de Jesus, a basílica é visitada por aproximadamente 3 milhões de peregrinos e turistas anualmente. A igreja permaneceu aberta durante todo o período de obras. Alguns andaimes ainda cercam partes do coro, e o mosaico do chão permanece protegido por painéis de compensado enquanto os restauradores retocam centímetro por centímetro das pinturas.

Palestinos desiludidos com o conflito sem perspectiva de solução com Israel esperam que a restauração da Basílica da Natividade atraia novos turistas e influencie os cristãos da região de Belém a permanecerem em suas terras, tirando benefícios econômicos do projeto.

Com informações da AFP

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