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Israel/Palestina

"Dois Estados: única solução para Israel e Palestina", declara Kerry

O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, alertou nesta quarta-feira (28) que a construção de assentamentos israelenses na Cisjordânia ameaça tanto a possibilidade de paz com os palestinos, quanto o próprio futuro de Israel como democracia.

REUTERS/James Lawler Duggan
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Em um discurso de mais de uma hora, no qual apresentou a sua visão de uma solução para o longo conflito, Kerry advertiu severamente Israel por estar conduzindo uma "ocupação perpétua" nas terras palestinas.

"Hoje, há um número similar de judeus e palestinos que vivem entre o rio Jordão e o Mar Mediterrâneo", disse ele a uma audiência de diplomatas em Washington.

"Eles têm uma escolha: podem escolher viver juntos em um Estado, ou podem se separar em dois Estados", disse ele.

"Mas aqui há um detalhe fundamental: se a escolha for por um Estado, Israel terá que escolher entre ser um Estado judeu ou um Estado democrático - não pode ser ambos ao mesmo tempo – sob pena de jamais encontrar a paz".

Discurso histórico

Nos últimos dias da administração de Barack Obama, e com o governo de Israel abertamente hostil à pressão externa, John Kerry fez um discurso direto e claro, para deixar a última palavra do governo norte-americano no processo de paz entre Israel e a Palestina.

Obama e Kerry claramente não estão prontos para desistir da região, esperando que uma resolução da ONU exigindo a suspensão da construção de assentamentos israelenses em território palestino e o discurso do secretário de estado salvará um processo moribundo. Antes que Kerry subisse ao pódio, Israel atrasou a votação sobre as licenças para centenas de casas de colonos a pedido do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, que pretendia evitar mais conflitos com Washington.

"Risco grave"

A resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas de sexta-feira (23) foi aprovada por 14-0, com a abstenção dos Estados Unidos. Ao recusar-se a usar seu veto, Washington permitiu a adoção da primeira resolução da ONU desde 1979 para condenar Israel por sua política de assentamentos na Cisjordânia.

Netanyahu reagiu furiosamente, acusando a administração do presidente Barack Obama de estar por trás da resolução e jurando que não vai cumpri-la.

Explicando a decisão dos Estados Unidos, Kerry - que negou que os EUA fossem a "força motriz" por trás da medida - disse: "A votação na ONU favorece a solução de dois Estados.

"Isso é o que estávamos defendendo: o futuro de Israel como um Estado judeu e democrático, vivendo lado a lado, em paz e segurança, com seus vizinhos", disse ele.

"A solução de dois Estados é a única maneira de alcançar uma paz justa e duradoura entre israelenses e palestinos", disse Kerry, alertando que tal solução corre agora um "grave perigo ".

Kerry advertiu que a "pauta dos colonos" está dominando a política israelense na Cisjordânia e colocando em risco as perspectivas de paz.

"Ninguém que reflete seriamente sobre o processo de paz pode ignorar a realidade dos assentamentos como ameaça à paz", disse Kerry em um importante discurso sobre os esforços de paz no Oriente Médio.

"Mas o problema vai muito além dos assentamentos. As tendências indicam que há um esforço abrangente de Israel para se apropriar de terras da Cisjordânia, impedindo qualquer desenvolvimento palestino lá".

Kerry acrescentou: "A pauta dos colonos está definindo o futuro de Israel. Eles acreditam apenas em um Estado: o Grande Israel ".

E Netanyahu já respondeu…

Em resposta ao discurso de John Kerry, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, fez nesta quarta-feira um importante discurso em Tel Aviv.

"Como a resolução do Conselho de Segurança que o Secretário Kerry propôs na ONU, seu discurso esta noite foi tendencioso contra Israel", anunciou Natenyahu. "Por mais de uma hora, Kerry falou obsessivamente de assentamentos e mal tocou na raiz do conflito - a oposição palestina a um Estado judeu, com qualquer fronteira”, comentou Netnyahu.
 

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