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Síria/Conflito

Regime sírio descarta discutir futuro de Assad em negociações de paz

O chefe da diplomacia síria, Walid Muallem, informou neste sábado (12) que a delegação representando o regime chegará amanhã (13) a Genebra para participar da retomada das negociações com os rebeldes moderados. Mas o chanceler preveniu, nenhuma discussão sobre o futuro de Bashar al-Assad será tolerada. Dois representantes da oposição que devem participar das discussões a partir de segunda-feira (14) desembarcaram hoje na cidade suíça.

O presidente sírio, Bachar Al-Assad, durante entrevista à AFP em 11 de fevereiro de 2016.
O presidente sírio, Bachar Al-Assad, durante entrevista à AFP em 11 de fevereiro de 2016. JOSEPH EID / AFP
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Durante entrevista coletiva à imprensa em Damasco, Walid Mualem afirmou que o regime "não negociará com ninguém que queira discutir a presidência". Ele salientou que o futuro de Bashar al-Assad é uma "linha vermelha" que não deve ser ultrapassada. "Se eles querem manter esta posição, melhor não irem a Genebra", advertiu o chanceler sírio, referindo-se à oposição.

O enviado das Nações Unidas, Staffan de Mistura, "não tem o direito" de falar sobre as futuras eleições presidenciais na Síria, disse ainda Muallem. "Isto é responsabilidade exclusiva do povo sírio", declarou.

De Mistura havia dito ontem (11) que deveriam ser realizadas eleições presidenciais e legislativas na Síria em um prazo de 18 meses. O Alto Comitê de Negociações (ACN), que reúne os grupos-chave da oposição síria, havia anunciado, também ontem, que, a partir de segunda-feira, irá participar das negociações em Genebra. O ACN assinalou que irá se concentrar "na constituição do governo transitório dotado de todos os poderes executivos", no qual "não há lugar" para Assad.

Desde as primeiras negociações para superar o conflito, que fracassaram, em 2014, o principal obstáculo tem sido o futuro de Assad, que se recusa a deixar o poder, apesar dos cinco anos de guerra, que deixaram mais de 270 mil mortos e milhões de refugiados internos.

Damasco propõe um "governo de união"

Muallem propôs a formação de um "governo de união", que será responsável por designar uma comissão para redigir uma nova Constituição ou apresentar emendas à atual. A proposta inclui a realização de um referendo popular sobre a nova Constituição.

Muallem adiantou que a delegação de Damasco não irá esperar mais de 24 horas pelos representantes da oposição, lembrando que, na primeira rodada de negociações, a delegação do governo aguardou por três dias a chegada dos opositores. Mas neste sábado, dois chefes da delegação da rebelião moderada já se encontravam em Genebra, onde foram vistos em um grande hotel.

As conversas na segunda-feira acontecerão em salas separadas com representantes do regime e da oposição. De Mistura estimou, em entrevista publicada hoje, que os curdos sírios devem poder opinar sobre o futuro da Síria, apesar de não terem sido convidados para as negociações em Genebra.

Supostas violações ao cessar-fogo

A vigência de uma trégua desde 27 de fevereiro permitiu a retomada das negociações. Apesar das supostas violações do cessar-fogo, o secretário de Estado norte-americano John Kerry espera que as negociações de paz sobre o conflito comecem, como previsto, na próxima segunda-feira.

A trégua, orquestrada por russos e americanos, já reduziu em 80% o número de mortes na guerra civil da Síria. Mas ontem, pela primeira vez, os Estados Unidos acusaram o governo sírio de bombardear alvos civis em Aleppo e Deraa, violando o acordo.

John Kerry estava na manhã deste sábado na Arábia Saudita, onde se encontrou com o rei Salman e com o chanceler saudita. O secretário de Estado anunciou uma conversa por telefone com o ministro russo das Relações Exteriores, Seguei Lavrov, e encontros entre observadores americanos e russos para avaliar a gravidade da situação.

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