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Síria/Grupo Estado Islâmico

Grupo EI assassina maior especialista nas antiguidades de Palmira

O grupo Estado Islâmico decapitou um dos mais importantes especialistas nas antiguidades da cidade de Palmira. Khaled al-Asaad tinha 82 anos e, entre 1963 e 2003, foi o responsável pelas famosas ruínas da cidade histórica na província de Homs, centro do Iraque.

O intelectual Khaled al-Asaad, que foi assassinado pelo grupo Estado Islâmico
O intelectual Khaled al-Asaad, que foi assassinado pelo grupo Estado Islâmico Twitter/Chris Doyle
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"O Daesh (nome árabe da organização) executou um dos mais importantes especialistas em antiguidades da Síria", afirmou o diretor dos museus do país, Maamun Abdelkarim. Ele lamentou a perda de uma sumidade: "falava e lia palmiro e, quando a polícia recuperava estátuas roubadas, perguntávamos a ele se eram verdadeiras ou falsas".

Simpatizantes do grupo jihadista publicaram na internet fotografias do corpo amarrado a um poste em Palmira, com a cabeça cortada ao lado. Em um cartaz colocado junto ao cadáver, os jihadistas acusam Al-Asaad de ser um partidário do regime sírio, por ter representado o país em conferências internacionais junto com "infiéis".

No texto, ele também é chamado de diretor dos "ídolos" de Palmira. Isso porque a interpretação fundamentalista do Islã defendida pelo grupo Estado Islâmico considera que estátuas humanas ou animais são "idolatria". Por isso, as visitas a estes sítios arqueológicos ou históricos são terminantemente proibidas.

Assassinado em praça pública

De acordo com o Observatório Sírio dos Direitos Humanos, o intelectual foi assassinado "em uma praça pública de Palmira, diante de dezenas de pessoas". Khaled al-Asaad foi interrogado durante um mês junto com seu filho Walid, atual diretor de antiguidades da cidade, para que os dois revelassem o lugar onde supostamente estaria escondida uma grande quantidade de ouro.

Os dois negaram a existência de metal precioso na cidade e Walid foi liberado porque sofre de uma doença crônica nas costas. "É uma família notável", descreveu Abdelkarim. "Seu outro filho, Mohammad, e seu genro Khalil participaram ativamente do salvamento de 400 peças antigas no momento em que os jihadistas conquistaram a cidade".

"Imploramos para que Khaled abandonasse a cidade, mas ele se negou", declarou o museólogo. A essas súplicas, al-Asaad respondia: "Sou de Palmira e aqui permanecerei, mesmo que me matem".

Temor pelo patrimônio cultural

Desde a tomada de Palmira, cidade inscrita no Patrimônio Mundial da Unesco, em 21 de maio, a comunidade internacional teme pelo destino dos tesouros arqueológicos da cidade antiga. Os jihadistas utrarradicais já destruíram importantes objetos históricos no Iraque.

Palmira, um oásis no deserto sírio, a noroeste de Damasco, contém as ruínas monumentais de uma grande cidade, que foi um dos centros culturais mais importantes do mundo antigo. Nos séculos I e II, a cidade foi o palco de uma efervescência cultural. Lá se fundiram técnicas e culturas greco-romanas com as locais, enriquecidas pela influência persa.

 

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