Premiê da Turquia entrega o cargo e abre caminho para eleições antecipadas
O primeiro-ministro turco, Ahmet Davutoglu, entregou seu cargo nesta terça-feira (18) ao presidente Recep Tayyip Erdogan. O premiê afirma não ter condições de formar um novo governo de coalizão. Sua demissão abre caminho para a possível organização de eleições legislativas antecipadas ainda este ano.
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A demissão do primeiro-ministro acontece em um momento de incerteza política na Turquia. O país espera a formação de um governo desde as eleições de 7 de junho, quando o Partido da Justiça e do Desenvolvimento (AKP), do presidente Erdogan, homem forte da política turca desde 2002, perdeu a maioria absoluta. O social-democrata Partido Republicano do Povo (CHP), principal movimento opositor, havia sido o único a dar uma resposta positiva ao primeiro-ministro em fim de mandato, e negociava com o AKP desde 13 de julho.
Em caso de falta de um acordo sobre a formação de uma coalizão governamental até 23 de agosto, a Constituição turca autoriza o chefe de Estado a dissolver o governo e solicitar a criação de uma nova equipe pluralista para gerir o país até as eleições antecipadas. Segundo a agência de notícias turca Anatolia, o pleito poderia ser realizado até o final de novembro.
O HDP, formação historicamente pró-curdos, que ganhou destaque durante as eleições de junho, quando se abriu para outras minorias e conseguiu os 10% de votos necessários para estar presente no Parlamento, afirmou nesta terça-feira que está disposto a participar de um governo interino para preparar o pleito antecipado. Já o CHP informou que não participará do processo sem a presença do HDP. O Partido de Ação Nacionalista (MHP), de extrema-direita, se negou categoricamente a fazer qualquer aliança com o AKP.
Erdogan quer ampliar seus poderes
Segundo especialistas, Erdogan quer que eleições antecipadas sejam realizadas na esperança que o AKP conquiste a maioria e forme um único governo. Premiê de 2003 a 2014, antes de se tornar o primeiro presidente eleito por meio de eleições diretas, ele teria como projeto reformar a Constituição turca, ampliando os poderes do chefe de Estado.
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