Egito em estado de emergência, após violência contra partidários de Mursi

O Ministério da Saúde divulgou na noite de quarta-feira um balanço, afirmando que 235 pessoas morreram, sendo 43 policiais. Mas lideranças da Irmandade Muçulmana afirmaram ao longo do dia que o número de mortos poderia ser em torno de 500. Ao menos 2 mil pessoas ficaram feridas.

Policiais de choque desocupam praça no Cairo e expulsam militantes da Irmandade Muçulmana ,nesta quarta-feira, 14 de agosto de 2013, em uma ação que deixou centenas de mortos. REUTERS/Asmaa Waguih

Hugo Bachega, correspondente da RFI no Egito

No bairro de Cidade Nasser, onde milhares de manifestantes estavam acampados há seis semanas, a violência foi generalizada. No hospital que atendia às vítimas, pacientes eram medicados no chão junto a cadáveres enfileirados. Muitos exibiam ferimentos a bala.

Somente no final da tarde, quase doze horas após o início da ação, centenas de manifestantes começaram a deixar o bairro. A violência se espalhou por diversas cidades do Egito, com relatos de ataques a instalações policiais e igrejas.

A situação se acalmou durante a noite de quarta-feira, com o toque de recolher em vigência até a manhã desta quinta-feira.

A ação foi condenada por diversos países. O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, disse que a situação é um grande revés na reconciliação e disse que os Estados Unidos se opunham fortemente à declaração do estado de emergência. Kerry pediu ainda que o governo militar organize novas eleições.

O estado de emergência declarado no país por 30 dias dá mais poderes às forças de segurança, que poderão realizar detenções sem mandados.

O vice-presidente do Egito e prêmio Nobel da Paz, Mohamed El-Baradei, renunciou ao cargo, dizendo que o impasse poderia ter sido resolvido de forma pacífica.