Milhares de egípcios protestam nas ruas e pedem saída do presidente
Um ano após a chegada ao poder do presidente Mohamed Mursi, milhares de egípcios protestam neste domingo, nas principais cidades do país, para exigir a saída do dirigente conservador, acusado de tentar "islamizar" a sociedade egípicia. As manifestações já deixaram pelo menos dois mortos e 40 feridos. O exército evoca "milhões" de pessoas nas ruas.
Publicado em: Modificado em:
Os protestos anti-Mursi foram convocados pelo movimento de oposição Tamarrod (rebelião em árabe), que reuniu 22 milhões de assinaturas num abaixo-assinado pela demissão do presidente.
Na praça Tahrir, no centro do Cairo, que se tornou símbolo da revolta que derrubou o regime de Hosni Mubarak em fevereiro de 2011, uma multidão fluiu na manhã deste domingo, agitando bandeiras, enquanto alto-falantes transmitem canções patrióticas. "O povo quer a queda do regime", gritavam os manifestantes, alguns exibindo cartão vermelho para o presidente, acusado de governar em benefício exclusivo da Irmandade Muçulmana, o movimento islâmico conservador que governa atualmente o Egito.
Para muitos manifestantes, os protestos de hoje representam uma segunda revolução. Temendo enfrentamentos entre pró e anti-Mursi, o Exército e a polícia estão nas ruas em todo o país para reforçar a proteção de instalações estratégicas, incluindo o Canal de Suez. Nos últimos dias, oito pessoas morreram em enfrentamentos entre partidários e opositores do presidente egípcio.
As maiores passeatas estão programadas para o final da tarde, quando vários cortejos anti-Morsi devem convergir para o palácio presidencial na cidade do Cairo.
As divisões são profundas no Egito, o mais populoso dos países árabes, com mais de 80 milhões de habitantes. A população sofre com os efeitos de uma crise econômica que se eterniza, marcada pela inflação alta, desemprego crescente e desvalorização da moeda nacional.
Os opositores de Mursi denunciam excessos autoritários do poder, que tenta estabelecer um sistema ideologicamente e politicamente dominado por islâmicos, e a incapacidade do presidente em relançar a economia. Seus partidários, no entanto, salientam a legitimidade de Mursi, eleito pelo povo na primeira eleição presidencial livre na história do Egito. Para os aliados de Mursi, a oposição planeja um "golpe".
NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.
Me registro