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Paquistão/Violência

Paquistão: ataques contra campanha antipólio deixam ao menos 8 mortos

Uma nova série de ataques contra uma campanha antipólio deixou três mortos no Paquistão nesta quarta-feira, obrigando a Unicef e a Organização Mundial da Saúde (OMS) a suspender suas atividades que visam erradicar essa doença viral, que ainda é endêmica no país.

Protesto contra o assassinato de funcionários da Unicef que trabalhavam em uma campanha antipólio; a bandeira pede que os assassinos sejam punidos.
Protesto contra o assassinato de funcionários da Unicef que trabalhavam em uma campanha antipólio; a bandeira pede que os assassinos sejam punidos. REUTERS/Akhtar Soomro
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Os ataques aconteceram nesta quarta-feira perto de Peshawar, grande centro do noroeste do país próximo da fronteira afegã e de zonas tribais consideradas como um bastião dos talibãs e de grupos ligados à Al-Qaeda, opostos à vacinação contra a poliomielite, de acordo com a polícia.

Uma funcionária que trabalhava na campanha e seu motorista foram mortos por homens armados em Charsadda, perto de Peshawar. Um homem ferido gravemente durante a manhã enquanto vacinava crianças está em coma no hospital. Com isso, já são ao menos oito o número de integrantes de uma campanha antipólio assassinados desde segunda-feira em todo o país.

Homens armados que circulavam de moto também atiraram na direção de quatro voluntárias que realizavam vacinações perto de Peshawar, sem atingi-las.

Em resposta a esses atos de violência, a Unicef e a OMS, que supervisionam e apóiam essa campanha de vacinação, suspenderam suas atividades ligadas à poliomielite em todo o país, segundo Michael Coleman, porta-voz da Unicef em Islamabad.

As autoridades paquistanesas, que aprovisionam os voluntários, suspenderam a campanha de vacinação nas províncias de Sind (sul) e de Khyber Pakhtunkhwa (noroeste), as duas únicas atingidas por essa onda de violência.

A Unicef e a OMS denunciaram esses ataques, que "privam as populações mais vulneráveis do Paquistão, e principalmente as crianças, dos cuidados médicos mais essenciais".

Segundo os dados da OMS, 198 casos de poliomielite foram recenseados no ano passado no Paquistão, o pior ano da última década, e 56 este ano, principalmente no noroeste do país, uma região povoada pela etnia pashtun e situada na linha de frente da guerra contra o terrorismo.

Religião

No Paquistão, milhares de pais ainda recusam que seus filhos sejam vacinados contra a poliomielite, uma doença viral que pode provocar a paralisia, devido à pressão de certos líderes religiosos muçulmanos e rebeldes extremistas.

Alguns imãs se opõem publicamente à vacinação, considerando de maneira errada que a vacina contém porco e provoca infertilidade, e que a campanha é financiada pelo Ocidente com o objetivo de enfraquecer os muçulmanos.

Comandantes talibãs também proibiram a vacinação nos territórios controlados por eles, acusando os voluntários de serem espiões, sobretudo após o caso Afridi.

O paquistanês Shakeel Afridi foi condenado em maio a 33 anos de prisão por um tribunal paquistanês por ter participado de uma falsa campanha de vacinação contra a hepatite B organizada pela CIA em Abbottabad (noroeste). O objetivo era confirmar, por meio do recolhimento de amostras de DNA da sua família, que Osama Ben Laden realmente estava instalado no local, como a agência suspeitava.

Essa campanha foi realizada em março de 2011, pouco antes do ataque americano durante o qual Ben Laden foi morto.

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