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Turquia cobra caro para manter refugiados sírios distantes da Europa

O encontro dos líderes dos 28 países da União Europeia nesta quinta-feira (15), em Bruxelas, é uma das principais manchetes da imprensa francesa. O jornal Les Echos analisa a pauta da reunião em que os líderes europeus vão discutir a crise dos refugiados na Europa, a guerra na Síria e o referendo previsto para 2017 no Reino Unido sobre a permanência ou não dos britânicos no bloco europeu.

Migrantes dormem no terminal de ônibus de Istambul; a Turquia acolhe o maior número de refugiados no mundo, incluindo 2,2 milhões de sírios.
Migrantes dormem no terminal de ônibus de Istambul; a Turquia acolhe o maior número de refugiados no mundo, incluindo 2,2 milhões de sírios. REUTERS/Murad Sezer
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A imprensa francesa destaca o papel fundamental da Turquia para conter o exôdo dos sírios. Grande parte dos migrantes que chegaram ao bloco este ano estavam em campos de refugiados na Turquia. Outros 2 milhões de sírios continuam no território turco aguardando uma ocasião de migrar para a Europa. O bloco tem, portanto, urgência em obter a cooperação do presidente turco, Recep Tayyp Erdogan, para evitar a chegada de novos migrantes.

Segundo Les Echos, os europeus querem que a Turquia continue a acolher os refugiados e facilite a integração desses novos habitantes. Querem também que Ancara reforce o patrulhamento nas fronteiras terrestres e marítimas.

Para convencer o governo turco a colaborar, os europeus podem liberar uma ajuda de € 1 bilhão ao país, mas o presidente turco aproveita o clima de crise para fazer outras exigências. Les Echos afirma que além de mais dinheiro, Erdogan quer o fim dos vistos para os turcos que viajam à Europa, exige reuniões de cúpula regulares com o bloco e discussões avançadas sobre a adesão da Turquia à União Europeia, um assunto espinhoso e não consensual.

Colaborar com Erdogan ou não?

Os europeus estão divididos sobre fazer essas concessões a poucos dias das eleições legislativas antecipadas de 1° de novembro na Turquia. Ceder às exigências de Erdogan poderia se tornar um trunfo eleitoral nas mãos do presidente turco, que enfrenta uma crise interna com a oposição e partidos pró-curdos. 

O diário conservador Le Figaro destaca que a política da chanceler Angela Merkel, que abriu as portas do país aos refugiados sírios, é cada vez mais contestada na Alemanha. Há poucos meses, Merkel era a líder mais popular da Europa. Mas bastou a chegada em massa dos migrantes ao país, para Merkel ganhar milhares de opositores. Segundo Le Figaro, um terço dos alemães querem a demissão de Merkel do governo, por causa dos refugiados.

De acordo com Le Figaro, Merkel se mantém firme em seu propósito. Ela tenta tranquilizar os alemães comparecendo a debates públicos para explicar suas intenções e a capacidade do país de absorver os refugiados. Quando os alemães perguntam se, daqui a 25 anos, eles serão obrigados a falar árabe e se declarar muçulmanos, Merkel responde que é natural expressar preocupações e medos, mas ela acredita que essas dificuldades podem ser superadas.

No próximo domingo, Merkel vai à Turquia, acrescenta Le Figaro, para tentar convencer o governo turco a melhorar as condições de acolhimento dos refugiados sírios.

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