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Futuro da Air France preocupa imprensa, após agressão de diretores por funcionários

As fotos dos dois executivos da Air France agredidos pelos funcionários da empresa estão estampadas na primeira página dos principais jornais franceses desta terça-feira (6). A imprensa está preocupada com o futuro da companhia aérea francesa. As agressões ocorreram ontem (5) quando a direção anunciava um plano de reestruturação prevendo a supressão de 2,9 mil postos de trabalho na empresa, em dois anos.

Capa dos jornais franceses Le F igaro, Aujourd'hui en France, Les Echos, La Croix e L'Est desta terça-feira, 06 de outubro de 2015.
Capa dos jornais franceses Le F igaro, Aujourd'hui en France, Les Echos, La Croix e L'Est desta terça-feira, 06 de outubro de 2015.
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Aujourd'hui en France diz que as agressões são injustificáveis. O diário avalia que a Air France, já muito enfraquecida pela estratégia suicida de seus pilotos − autores de uma longa greve no ano passado, com consequências financeiras desastrosas −, terá dificuldades de superar o terrível espetáculo de ontem. Ao contrário de seus concorrentes europeus, inclusive de sua parceira holandesa KLM, que conseguiram modificar as condições de trabalho de seus funcionários para cortar custos, a companhia francesa mergulha cada dia mais na crise.

Estado de choque

Le Figaro diz que a companhia aérea francesa está em estado de choque depois das agressões do diretor-geral adjunto, Pierre Plissonier, e do diretor de Recursos Humanos, Xavier Broseta. Eles tiveram as camisas rasgadas e só conseguiram sair da reunião escoltados por seguranças.

Essa "derrapagem incontrolável" é mais um capítulo da longa degringolada da Air France, uma das vitrines do país. "A intransigência dos sindicatos de pilotos, a indecisão do Estado − que é um dos principais acionistas da empresa −, e a hostilidade dos funcionários ao plano de reforma colocam em jogo a sobrevivência da empresa", analisa o diário conservador. A Air France deve imperativamente se reestruturar para resistir à concorrência, mas infelizmente direção e sindicatos nunca conseguiram construir juntos um verdadeiro plano de recuperação, acredita Le Figaro. O jornal culpa, principalmente, o corporativismo dos pilotos pelo impasse.

Imagem desastrosa

Les Echos diz que as agressões foram condenadas inclusive por grande parte dos sindicatos da Air France. Saldo do dia: sete feridos, uma imagem desastrosa da crise na empresa e uma queixa na polícia feita pela direção. O jornal econômico diz que um limite simbólico nos conflitos sociais na França foi ultrapassado.

A companhia, "emblema nacional", não pode ficar na dependência de pilotos que defendem seus privilégios e de baderneiros superexcitados. "Em um país em que implementar reformas é uma missão quase impossível, o futuro da Air France se transformou ontem em um desafio nacional", conclui Les Echos.

Impasse no diálogo social francês

Libération também faz um paralelo entre a situação da Air France e a do país. "O caso da companhia aérea simboliza todos os defeitos e impasses do diálogo social francês", afirma o diário que critica as agressões e a dificuldade da empresa em superar o conflito.

Mas Libération ressalta um ponto a favor dos pilotos que poderia explicar, em parte, as dificuldades econômicas da Air France: o peso das contribuições sociais que são muito maiores na França do que em outros países europeus e que aumentam, em muito, a massa salarial da companhia aérea francesa. Sob essa ótica, não são os pilotos que ganham muito, mas o Estado que taxa demasiadamente o trabalho.

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