De cada cinco clandestinos na França apenas um é expulso do país
O governo francês não vem cumprindo sua missão de expulsar estrangeiros em situação ilegal no país, constata a edição desta quarta-feira (30) do jornal Le Figaro. O tema ganhou espaço no diário por ocasião da entrega de um relatório no Senado para discutir os direitos dos estrangeiros no país.
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O jornal diz que a expectativa em relação ao relatório era de que fornecesse uma série de medidas técnicas, mas o que documento revelou mesmo foi um lado pouco edificante da política migratória francesa. Le Figaro destacou que de cinco imigrantes clandestinos na França, apenas um é expulso do país como determina a lei. Os outros quatro permanecem no país. No ano passado, apenas 22,3% dos pedidos oficiais de expulsões previstos foram efetivamente executados, um índice menor que nos anos anteriores.
Citando os números: dos 96.226 estrangeiros ilegais que receberam notificação para sair da França, apenas 21.489 deixaram de fato o país. "Os dados são escandalosos", afirma o jornal. As estatísticas não se referem apenas aos casos de estrangeiros que tiveram o pedido de asilo rejeitado, mas também dos clandestinos que devem deixar o território francês.
Um dos problemas identificados pelo relatório para a baixa taxa de expulsão é que muitos governos não emitem o "laisser-passer", um documento oficial que permita a volta dos imigrantes aos seus países de origem. Tunísia e Marrocos são citados como os países que não dão resposta aos pedidos.
Vistos mais para famílias do que trabalhadores
Sobre a imigração legal, o relatório a ser apresentado hoje para a comissão de leis do Senado mostra que do total de 210 mil autorizações dadas no ano passado para os estrangeiros viverem na França, 92 mil, ou seja, 43% do total, foram atribuídas por motivos familiares e apenas 9% por razões profissionais. No caso dos estudantes, houve aumento e passou para 31%. O Brasil, com 5.746 casos, foi o sétimo país da lista do número de imigrantes que receberam autorização para viver em situação legal na França, em 2014.
O conservador Le Figaro também comenta algumas iniciativas da direita francesa para reforçar o texto do governo sobre os direitos dos estrangeiros na França. O projeto de lei, lembra o jornal, visa adequar às leis nacionais as diretivas da União Europeia, que oferecem mais garantias aos imigrantes. Entre as medidas a serem adotadas respeitando as diretrizes de Bruxelas, está a criação de um visto de múltiplas entradas de até quatro anos para evitar filas na burocracia. Atualmente o imigrante deve renovar todos os anos seu "titre de séjour", como é conhecido o documento que permite a residência legal no país.
A oposição não rejeita a proposta, mas pretende dificultar a obtenção do documento e garantir reforço para o controle desses vistos, explica o jornal. Outra proposta é tornar mais rígidas as condições para um estrangeiro doente viver na França se em seu país de origem houver tratamento adequado.
O trabalho do senador François-Noël Buffet pretende ser um contraponto ao projeto de lei enviado pelo governo socialista, avalia Le Figaro. Os opositores pedem que o governo mostre com ações concretas sua disposição em combater a imigração clandestina como promete no projeto de lei sobre direitos dos estrangeiros enviado ao parlamento.
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