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Lavagem da Madeleine leva sincretismo religioso às ruas de Paris

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Há 14 anos a Lavagem da Igreja da Madeleine, em Paris, reúne cerca de 30 mil brasileiros e franceses no maior evento de rua brasileiro da Europa. Inspirada na lavagem da Igreja do Bonfim, em Salvador, a atividade mostra o sincretismo religioso entre o catolicismo e o candomblé. Ela faz parte de uma ampla programação, batizada de Festival Cultural Brasileiro, que acontece de hoje a domingo em diversos locais da capital francesa com shows, festas, workshops e um grande mercado.

Lavagem da Madeleine
Lavagem da Madeleine
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Vinicius Lummertz, presidente da Embratur, o Instituto Brasileiro de Turismo, diz que o evento é um reflexo da forte relação entre a França e o Brasil. "Na missa que eu participei na Madeleine, ministrada por um bispo americano, com a presença de brasileiros, uma missa sincrética, com cantos baianos, demonstra essa relação que há 14 anos vem sendo comemorada entre os dois países", afirma.

Lummertz ressalta o foco do evento na baianidade e na Bahia como "lado fundador do Brasil multicultural". "Essa homenagem anual com uma programação artística riquíssima vai além de uma comemoração de brasileiros em Paris porque o número de franceses que se junta ao evento, principalmente no domingo, quando há o cortejo, é enorme", completa.

Bênção das baianas

A fotógrafa franco-brasileira Naima di Pietro já participou seis vezes do evento e faz questão de levar os filhos Flora, de 5 anos, e Pablo, de 3, para serem benzidos pelas baianas. Ela conta como é o momento da lavagem, que acontece no domingo, último dia da programação. "Quando o cortejo chega, as baianas já estão com as vassouras e com as rosas. Elas sobem a escadaria. Tem uma missa em francês, traduzido ao português e ao iorubá. Depois as pessoas lavam a escadaria, e o pai de santo abençoa a multidão."

A fotógrafa, que participou pela primeira vez do evento há dez anos, revela do que mais gosta do festival. "É o final, essa cerimônia que acho muito bonita. Só rezar o Pai Nosso em francês, português e iorubá. Essa mistura é linda. Várias vezes expliquei aos franceses que estavam lá o que era o candomblé, porque não é conhecido, mesmo no Brasil."

Emoção durante a lavagem

O historiador carioca Aderivaldo Ramos de Santana, que faz doutorado em Paris, já participou duas vezes da Lavagem da Madeleine e conta que ficou emocionado. "É maravilhoso e mágico para nós brasileiros porque a gente não podia imaginar que essa festa baiana pudesse atrair tanta gente em outro lugar do mundo. É como se, por alguns instantes, as ruas de Paris se transformassem em Salvador", opina.

E completa: "Quem conhece a história da lavagem do Bonfim, que começou em 1773, pode pensar que uma festa como essa, que mistura sagrado e profano, só poderia acontecer nos trópicos. Quando você vê algo similar na França, que é de tradição católica e não recebeu esse sincretismo, você fica emocionado. E as pessoas acabam compreedendo o que está por trás, nao apenas uma grande festa, mas um momento mágico, quando as portas do catolicismi se abrem para uma cosmovisão africana".

O cortejo do domingo sai às 11h da Praça da República e chega às 15h30 na igreja da Madeleine, quando acontece a lavagem. A grande atração será o trio elétrico de Carlinhos Brown, e este ano a madrinha do evento é a apresentadora brasileira Cristina Córdula, que comanda programas de moda na TV francesa.

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