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Coiotes cobram até € 10 mil para levar clandestinos à Inglaterra

Em uma extensa reportagem publicada nesta terça-feira (18), o jornal francês Libération revela os diferentes "pacotes" propostos por redes especializadas em levar os imigrantes clandestinos a atravessar a França em direção ao Reino Unido. A opção mais cara oferece alojamento e fretes de caminhões.

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Libération identificou três diferentes possibilidades oferecidas pelos coiotes para um imigrante em situação irregular tentar chegar à Inglaterra a partir de Calais, no norte da França.

O jornal afirma que a opção mais cara e segura custa entre € 6 mil (R$ 23,1) e € 10 mil (R$ 38,5) e é muito utilizada por albaneses, que têm direito a circular no espaço Schengen, que reúne um grupo de países europeus que aboliram as fronteiras, mas da qual a Grã-Bretanha não faz parte. O esquema oferece alojamento em hotéis de Calais e transporte fretado em caminhão para atravessar o Canal da Mancha.

A opção mais utilizada e barata, de € 500 (R$ 1.924), consiste em garantir acesso aos clandestinos a estacionamentos controlados pelas redes de traficantes. No local, eles podem apelar para motoristas que pernoitam e tentar se esconder em caçambas ou nas cargas de caminhões. O valor pago, segundo o diário, garante pelo menos três tentativas por semana.

A proposta intermediária é chamada pelo jornal de "passagem garantida": o clandestino chega a Calais por seus próprios meios, se vira para conseguir alojamento, mas tem direito a um encontro com um motorista de caminhão longe dos tradicionais locais visados pela polícia. Para ter direito a se esconder atrás de um para-choque falso ou no lugar do estepe, o candidato paga entre € 1 mil (R$3.850) e € 1.500 (R$5.770).

Em editorial, Libération elogia o trabalho "enérgico" da polícia para combater essas redes de coiotes, mas constata que a ação é insuficiente para conter o problema do fluxo migratório massivo. "A política do continente deverá ser reformada para garantir asilo descente para os que fogem da opressão em seus países de origem", afirma o jornal.

Desamparo

Para Le Figaro, a Europa "está desamparada diante de uma crise histórica" sobre os imigrantes. Depois da Itália, a Grécia está saturada com o fluxo de refugiados. Uma enviada do jornal à ilha de Kos testemunhou a chegada de dezenas de migrantes com coletes salva-vidas e a tentativa do governo grego de controlar o fluxo crescente de pessoas que desembarcam no local vindos da Turquia.

Na França e na Itália, os policiais enfrentam forte pressão para impedir a passagem de clandestinos e desmantelar redes de tráfico humano. Em editorial, Le Figaro diz que a chanceler alemã Angela Merkel alerta outros líderes para um problema "mais grave do que a estabilização financeira da Grécia", e propõe ideias interessantes como estabelecer uma lista de países "seguros" para os refugiados pedirem asilo.

"Uma política global deve combinar a firmeza no controle das fronteiras externas para dissuadir os falsos refugiados e também realismo no interior do bloco europeu para respeitar as leis de asilo", escreve Le Figaro.

Se a Europa falhar, a livre circulação de pessoas entre os países signatários do Tratado de Schengen ficará comprometida e os governos poderão reerguer suas fronteiras nacionais, alerta o diário francês.
 

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