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Linha Direta

Após acordo com o Irã, EUA preparam “prêmio de consolação” a Israel

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O presidente americano, Barack Obama, voltou a defender, nesta quarta-feira (15), o acordo entre as potências mundiais e o Irã, sobre o controverso programa nuclear de Teerã. A milhares de quilômetros de Washington, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, manteve-se desafiador, afirmando que seu país não aceita o resultado das negociações.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, critica o acordo entre o Irã e as grandes potências.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, critica o acordo entre o Irã e as grandes potências. REUTERS/Ammar Awad
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Daniela Kresch, correspondente da RFI em Tel Aviv

Tanto Obama quanto Netanyahu tentam convencer o mundo de que estão certos. À rádio americana NPR, o primeiro-ministro israelense afirmou que o documento “abre caminho para o Irã ter um arsenal nuclear” e “conseguir bilhões de dólares para financiar agressão e terror contra os Estados Unidos e o mundo”.

Diante da oposição israelense, os americanos estariam planejando dar uma espécie de “prêmio de consolação” ao seu maior aliado no Oriente Médio. O governo Obama prepara um pacote de ajuda ao país, além dos US$ 3 bilhões que já enviam anualmente.

Um oficial do exército americano revelou ao jornal israelense Haaretz que Washington está oferecendo um chamado “guarda-chuva de segurança” a Israel, com o envio de mais aparato militar para defendê-lo de possíveis ataques do Irã. Ao jornal americano The New York Times, Obama admitiu essa oferta, afirmando estar “preparado para ir mais fundo de que todos os governos anteriores em termos de prover os israelenses com garantias adicionais”. Entretanto, ainda segundo o Haaretz, Netanyahu não teria aceitado a oferta, talvez por esperar que Congresso americano rejeite o acordo.

Em uma coletiva de imprensa, Obama disse que Israel tem uma preocupação legítima em relação ao Irã, que classificou de um país “altamente militarizado, que proclama que Israel não deveria existir, nega o Holocausto e financia” o grupo libanês Hezbollah. Mas o presidente americano afirmou que esse acordo era a melhor opção para lidar com o programa nuclear iraniano e acusou os israelenses de não oferecerem uma alternativa melhor.

Oposições na região

Outros países do Oriente Médio, aliados dos americanos, também não ficaram satisfeitos com o acordo com o Irã. A Arábia Saudita e os países do Golfo Pérsico, de maioria sunita, por exemplo, demonstraram preocupação com o fortalecimento econômico e diplomático de Teerã, com população majoritariamente xiita.

A milenar divisão interna do mundo árabe-muçulmano ente xiitas e sunitas é o maior desafio do Oriente Médio do século 21. Ontem, uma autoridade saudita afirmou que seu país teme que as concessões ao regime iraniano transformem o Oriente Médio numa região ainda mais perigosa.

Diante deste cenário, Israel analisa como se proteger. Tel Aviv tenta, como pode, influenciar o Congresso americano a rejeitar o documento, considerado “histórico”. Em termos militares, especialistas acreditam que Netanyahu não tem apoio internacional, neste momento, para realizar um ataque a instalações nucleares iranianas.

O chanceler britânico, Philip Hammond, acusou Netanyahu de preferir “impasses” ao invés de soluções. O ministro do Exterior alemão, Frank-Walter Steinmeier, afirmou que ele deveria estudar melhor o acordo antes criticá-lo.

Internamente, Netanyahu também está sendo criticado por ter falhado em evitar que o programa nuclear iraniano vá adiante. Há quem exija que ele renuncie por ter azedado o relacionamento do país com seu maior aliado no mundo, os Estados Unidos.

 

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