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Linha Direta

Livro com denúncias contra Hillary Clinton afeta campanha nos EUA

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Há oito meses do início das primárias para a escolha dos candidatos para as eleições de 2016, a sucessão de Barack Obama está pegando fogo. O lançamento do livro Clinton Cash levou a grande imprensa a tratar de temas nebulosos para a campanha de Hillary Clinton, como a revelação de que o ex-presidente Bill Clinton recebeu US$ 26 milhões por palestras dadas durante o período em que sua mulher era secretária de Estado. O dinheiro foi todo para a Fundação Clinton, gerida pelo casal.  

L'ancienne secrétaire d'Etat américaine Hillary Clinton est pour l'instant la seule candidate démocrate déclarée pour la présidentielle américaine de 2016.
L'ancienne secrétaire d'Etat américaine Hillary Clinton est pour l'instant la seule candidate démocrate déclarée pour la présidentielle américaine de 2016. Andrew Burton/Getty Images/AFP
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Eduardo Graça, correspondente da RFI em Nova York

Mais grave foi a descoberta de que o Departamento de Estado aprovou a exploração de minas de urânio por uma empresa russa após a doação de US$ 2.35 milhão para a Fundação Clinton. Mas o festival de denúncias e gafes que assola a política americana não se concentra apenas no lado governista e está dando o tom desta fase da disputa pela Casa Branca.

Ainda é cedo para se saber ao certo as consequências dos ataques do Clinton Cash, mas já é possível comparar as pesquisas realizadas antes e depois do lançamento do livro. Em março, Hillary aparecia à frente com 55% dos votos contra 40% de Jeb Bush. Agora os números dão 46% a 39%, com Hillary ainda à frente, mas com 15% de eleitores não empolgados com as duas candidaturas mais fortes de cada partido, três vezes mais do que antes.

Reação democrata

Os democratas têm refutado todas as ilações sobre tráfico de influência dos Clinton como uma campanha ardilosa dos conservadores. O autor de Clinton Cash, Peter Schweizer, é um conhecido militante da direita. Mas as revelações foram tratadas com seriedade por avatares do liberalismo americano, como o New York Times, o Washington Post e a New Yorker.

Criador do Correct the Record (Corrigindo os Fatos), uma organização dedicada a rebater ataques contra políticos liberais, o jornalista David Brock acaba de anunciar a transformação de seu projeto em um Super PAC, um comitê político de arrecadação de fundos sem limite de teto. A partir de agora ele pode receber doações legais destinadas exclusivamente a contrapor ataques a Hillary, algo inédito na política americana.

Uso de e-mail privado

Trabalho, aparentemente, não vai faltar para eles. Não se pode esquecer da controvérsia em torno do e-mail privado que Hillary usava quando secretária de Estado, que poderá ser a maior dor de cabeça da candidata. O equivalente a uma CPI investiga no Congresso a morte de quatro diplomatas, incluindo um embaixador, durante ataque a um posto consular americano na Líbia em 2012.

Hillary é acusada de ter manipulado informações sobre o ataque para não prejudicar o presidente Obama, em campanha pela reeleição. O republicano Trey Gowdy, que comanda a investigação, já deu a entender que, além do depoimento secreto de Hillary à CPI, quer mais duas audiências públicas com a mulher de Bill Clinton, com acesso livre à mídia, em plena campanha eleitoral. Os democratas temem que a oposição explore o ano todo a imagem de uma Clinton acuada.

No lado republicano

Mas não é apenas Hillary que tem sido desconstruída por seus adversários neste começo de campanha. No lado republicano, atrás do anti-Hillary ideal, a confusão é grande. A começar pela multiplicação dos candidatos: neste momento, nada menos que 19 republicanos têm a intenção de participar das primárias. Como não há nem voto nem espaço para todo mundo, o que a direita mais temia já começou a acontecer: a exposição, com lupa gigante, das mazelas dos candidatos mais fortes, a começar por Jeb Bush.

O ex-governador da Flórida, em entrevista esta semana, afirmou que, mesmo se soubesse das falhas de informação de Washington, teria, exatamente como seu irmão, invadido o Iraque em 2003. Criticado, ele retrucou dizendo que não havia entendido corretamente a pergunta. E mais tarde tentou encerrar a polêmica afirmando que o tema desrespeita as famílias dos militares americanos que morreram durante a invasão e ocupação do Iraque. Acabou ficando com a imagem de indeciso e de ignorante em política internacional.

Redução do estômago

Já o governador de Nova Jérsei, Chris Christie, teve de confirmar a informação de que, antes de uma cirurgia para redução do estômago, gastava 83% de seu salário com supermercado e bebidas alcoólicas. Virou motivo de chacota. E o governador de Wisconsin, Scott Walker, que já enfrenta o preconceito de boa parte dos republicanos por não ter curso superior, afirmou que sua experiência negociando com as centrais sindicais em seu estado o qualificam para lidar, se eleito presidente, com o Estado Islâmico (EI). Motivosparecem não faltar para o aumento de eleitores indecisos nesta que promete ser uma longa e acirrada disputa pela Casa Branca.

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