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Eleições na Grã-Bretanha podem definir futuro do país na União Europeia

A acirrada disputa nas eleições legislativas na Grã-Bretanha domina as manchetes dos jornais franceses que circulam nesta quinta-feira (7). Além de análises sobre a situação atual do cenário político e econômico, a imprensa acredita que o resultado das urnas poderá ser fundamental para discutir o futuro dos britânicos no bloco europeu.

Cartaz nas ruas de Londres com os dois principais candidatos das eleições legislativas.
Cartaz nas ruas de Londres com os dois principais candidatos das eleições legislativas. REUTERS/Phil Noble
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Em suas manchetes e nas reportagens especiais, os jornais trazem análises sobre a conjuntura atual na Grã-Bretanha e tentam explicar por que os eleitores estão tão divididos, já que as pesquisas mostram um empate técnico entre os partidos Trabalhista e Conservador.

Libération traz 28 páginas abordando diferentes assuntos, particularmente para falar dos últimos cinco anos do governo conservador liderado por David Cameron. Segundo o jornal, o primeiro-ministro, que tenta ser reconduzido ao cargo, mostrou eficiência sob o aspecto econômico. Ele fez a Grã-Bretanha voltar a crescer e diminuiu os índices de desemprego, atualmente em 5,8%.

Mas, por outro lado, o déficit de 5% do PIB é bem mais alto do que a média de outros países da União Europeia e a desigualdade cresceu, criando um abismo cada vez maior entre ricos e pobres. Segundo Libération, os ricos britânicos passaram de milionários a bilionários, enquanto a classe pobre sente no bolso a perda de poder aquisitivo.

Nesse contexto, o líder dos trabalhistas, Ed Miliband, conseguiu aumentar sua popularidade com a promessa de corrigir as distorções na sociedade britânica e promover maior justiça social. Em editorial, Libé afirma que a Grã-Bretanha virou um "laboratório". Ou os eleitores vão optar por um modelo liberal, representado pelos conservadores, ou pelo modelo social progressista defendido pelos trabalhistas.

A repercussão na Europa

O diário econômico Les Echos estima que essas eleições são importantíssimas para o futuro da Europa. Cameron já prometeu organizar um referendo em 2017 para os eleitores dizerem se querem ou não manter a Grã-Bretanha na União Europeia. Ou seja, em caso de vitória do líder conservador, em dois anos o bloco pode perder um de seus membros mais importantes.

O trabalhista Miliband não quer saber de referendo, mas, diante da pressão popular, poderá ceder e organizar a consulta, estima o jornal. De qualquer forma, primeiro será preciso vencer a votação de hoje, que é considerada imprevisível.

Certo mesmo é que nenhum partido deverá obter a maioria absoluta no Parlamento e o futuro governo, seja ele comandado pelos trabalhistas ou conservadores, deverá ser de coalizão. Os dois principais partidos já se preparam para negociar com pequenos partidos, afirma Les Echos.

Negociações não deverão ser fáceis

Para Le Figaro, o vencedor das eleições mais acirradas das últimas décadas encontrará muitas dificuldades para fazer alianças políticas. Diante de uma votação com resultados imprevisíveis, as conversas já começaram, especialmente entre os líderes da atual coalizão no poder, ou seja, entre conservadores e liberais democratas. Mas o líder do Lib-Dem, Nick Clegg, já disse que estará aberto a discussões com quem vencer nas urnas.

Os partidos já estão com as calculadoras prontas para fazer as contas de quantos votos serão necessários para obter a maioria no Parlamento para poder governar. Os conservadores não descartam contar com o apoio dos independentistas eurocéticos do Ukip. O cenário é tão incerto que nem sequer está descartado um eventual acordo entre trabalhistas e liberais democratas, considerado até pouco tempo quase impossível, avalia Le Figaro.

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