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Linha Direta

Famílias dão o que pode ser o último adeus aos condenados à morte na Indonésia

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Familiares visitaram na manhã desta terça-feira (28) os traficantes australianos Andrew Chan e Myuran Sukumaran, condenados à morte pelo governo indonésio. A chegada dos parentes ao Porto de Cilacap, que dá acesso à ilha onde eles serão executados, foi um verdadeiro caos, com cenas de desmaio e desespero dos pais dos condenados. A imprensa internacional em peso acompanha o caso e acabou aumentando o caos.

Os australianos Myuran Sukumaran (esq.) e Andrew Chan chegam para julgamento na corte de Bali
Os australianos Myuran Sukumaran (esq.) e Andrew Chan chegam para julgamento na corte de Bali REUTERS/Bagus Othman/Files
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Luciana Fraguas, correspondente da RFI em Melboune (Austrália)

Este pode ser o último dia de vida para os australianos, que, junto com quatro nigerianos, um indonésio, uma filipina e o brasileiro Rodrigo Gularte, esperam por sua execução. O francês Serge Atlaoui foi o único do grupo a conseguir um recurso temporário e apelo legal. Termina à meia-noite o período de notificação de 72 horas dado pelo governo da Indonésia para dar início às execuções.

O porto de Cilacap é o ponto de partida para a ilha-prisão de Nusa-kam-bangan, para onde o grupo de condenados foi transferido semana passada em preparação para as execuções. Os parentes e amigos acreditam que nunca mais vão ver os prisioneiros vivos de novo.

Logo após a chegada dos familiares, caixões inscritos com a data de 28 de abril chegaram ao terminal de Cilacap. O pelotão de fuzilamento também se dirigiu ao local. Segundo informações, os prisioneiros perderam todas as esperanças. Andrew Chan casou ontem com sua noiva, Febyanti Herewila, numa cerimônia na ilha onde será executado.

Anúncio da hora das execuções

O ministro da Justiça indonésio, Muhammad Prasetyo, deve fazer um anúncio da hora exata que eles serão executados ainda hoje. A ministra das relações exteriores australiana, Julie Bishop, disse hoje também que acredita que eles serão executados na madrugada desta quarta-feira.

Bishop e o governo australiano esgotaram todas as vias diplomáticas e políticas para tentar tirar os dois australianos do corredor da morte. Na semana passada, acusações de que os juízes responsáveis pelo caso teriam pedido suborno foram reveladas pela mídia local. Um dos juizes negou qualquer interferência politica ou negociação envolvendo suborno.

O governo indonésio disse que vai considerer pedidos para revisão da Constituição, mas que isso não afetará o destino desse grupo de condenados.

Quadrilha de nove pessoas

Os dois traficantes australianos fazem parte de uma quadrilha de nove pessoas. Eles foram presos em Bali em 2005, junto com sete outros australianos, por tentar traficar quase dez quilos de heroína da Indonésia para a Austrália.

Os dois foram depois identificados como os líderes do grupo e condenados a morte. Os outros sete membros do grupo, que ficou conhecido na Indonésia como “Bali 9”, estão servindo uma sentença de 20 anos de prisão. A Indonésia tem uma das leis contra tráfico de drogas mais restritas do mundo e aboliu uma moratória que suspendia execuções em 2013.

Retaliação do governo australiano

O primeiro-ministro australiano, Tony Abbott, e a ministra das relações exteriores, Julie Bishop, estão considerando retaliações, inclusive fazer o que o governo brasileiro fez e chamar o embaixador australiano na Indonésia para consultas.

No entanto, isso aprofundaria a crise diplomática que já se estabeleceu. Os dois países tem relações econômicas estreitas, e a Indonésia é um ponto estratégico de partida dos barcos de imigrantes que tentam chegar todos os meses à costa australiana. Não há interesse australiano algum em perder o apoio indonésio no combate ao tráfico de pessoas.

É dificil prever como e por quanto tempo isso vai abalar a crise entre os dois países. Há interesses mútuos muito profundos e uma crise diplomática não ajudaria em nada.

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