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Fato em Foco

2014 é um dos piores anos para os migrantes na Europa

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18 de dezembro é o Dia Internacional do Migrante, uma data estabelecida pela ONU em 2000, mas que está longe de ser comemorativa. 2014 foi um dos piores anos para os migrantes na Europa. Só neste ano, cerca de 3 mil e 500 pessoas morreram tentando atravessar o Mar Mediterrâneo e chegar ao Continente Europeu.

França recebe cerca de 300 mil estrangeiros por ano.
França recebe cerca de 300 mil estrangeiros por ano. uipi.com.br
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No norte da França, na cidade de Calais, cerca de 3 mil migrantes vivem em condições precárias na esperança de atravessar o canal da Mancha e chegar ao Reino Unido, enquanto o governo do primeiro-ministro britânico David Cameron tem um projeto em parceria com o governo francês, estimado em €15 milhões, para a construção de uma barreira de contenção do fluxo imigratório no local.

Na Alemanha, um forte movimento anti-imigração vem crescendo nas últimas semanas e preocupando até mesmo o governo da chanceler Angela Merkel. Enquanto isso, pesquisas mostram que as populações dos países da Europa Ocidental se mostram cada vez mais a favor da limitação dos direitos dos imigrantes. É o caso dos franceses: 60% se opõem ao projeto que pode dar aos estrangeiros o direito de voto nas eleições municipais – uma promessa de campanha do presidente François Hollande.

Segundo o especialista em fluxos migratórios da Universidade de Liège e de Versalhes Saint Quentin en Yvelines, François Gemenne, o crescimento da xenofobia na Europa é inegável. “Essa hostilidade se manifesta através das políticas imigratórias cada vez mais repressivas, como o fechamento das fronteiras. Nós vemos isso acontecer em todos os países europeus, impulsionados por uma forte pressão dos partidos e movimentos de extrema-direita. A situação é muito preocupante”, avalia.

Manifestações pelos migrantes

Várias ongs organizam manifestações nesta quinta-feira (18) para alertar sobre a precariedade dos migrantes na Europa. Em Calais, uma grande manifestação denuncia o projeto da construção da barreira de contenção dos imigrantes, que chamam de "muro da vergonha".

Para o presidente do movimento Emmaüs Internacional e da Organização por uma Cidadania Universal (OCU), Jean Rousseau, conter os estrangeiros através de barreiras é uma decisão “extremamente perigosa e desumana”. “As pessoas que estão nessa situação catastrófica em Calais, por exemplo, são pessoas que fogem de guerras e conflitos em seus países de origem”, explica.

Um dos objetivos da mobilização é de chamar a atenção das autoridades para a evolução da questão da imigração. “A única solução que enxergamos para isso é que os governos comecem a considerar a possibilidade da livre circulação das pessoas”, diz.

35 mil brasileiros na França

De acordo com dados de 2011, os imigrantes representam 8,7% da população francesa. Cerca de 300 mil estrangeiros se instalam por ano na França. Entre eles, estão cerca de 35 mil brasileiros, legais ou em situação irregular, segundo o Instituto francês da Estatística e dos Estudos Econômicos (Insee, sigla em francês).

A empresária brasileira radicada na França, Renata Santos, chegou ao país há quatro anos para estudar, casou, constituiu família e montou seu negócio – uma história que se orgulha em contar. Mas nem todos têm direito a um final feliz como o dela.

“Eu conheço muitos brasileiros que estão ilegais na França. Eles chegam com o visto de turista, e acabam ficando, com a ilusão de que a França é um eldorado. Muita gente que eu conheço acaba indo trabalhar na limpeza, como babá, como pedreiro... Eles têm vergonha de voltar para o Brasil sem dinheiro”, lamenta.

Europa depende dos estrangeiros

No entanto, para Pedro Vianna, editor-chefe da revista francesa especializada em movimentos migratórios, Migrations-Société, apesar de todo o crescente movimento contra os estrangeiros na Europa, a economia do continente é dependente da mão-de-obra dos imigrantes.

“O bloqueio da imigração legal resulta na vinda e na permanência de estrangeiros em situação irregular que podem ser explorados e que aceitam condições de trabalhos às quais os europeus, protegidos pela legislação trabalhista, não se submetem. Ou seja, a economia europeia atual precisa desta mão-de-obra”, afirma.

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