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Lentidão nas reformas e baixa popularidade marcam a primeira metade do governo Hollande

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O presidente francês, François Hollande, completou na quinta-feira (6) a metade de seu mandato. A celebração não teve bolo nem velinhas, apenas um chefe de Estado acuado em rede nacional, em uma entrevista de pouco mais de uma hora e meia. Na avaliação de especialistas, o programa não ajudou Hollande a se recuperar politicamente de seus míseros 12% de aprovação. Mas a primeira metade de seu governo pode ter lançado bases relevantes para a recuperação econômica nos próximos dois anos.

François Hollande no palco do canal TF1 na noite de quinta-feira (6).
François Hollande no palco do canal TF1 na noite de quinta-feira (6). REUTERS/Martin Bureau
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No programa, transmitido pelo canal TF1 e que teve produção de show, assinada pelo mesmo diretor do The Voice francês, o socialista foi submetido a uma sequência de críticas de jornalistas e de cidadãos que foram convidados a conversar cara a cara com seu presidente. O início do programa, que abordou questões sensíveis da vida pessoal e do comportamento de Hollande, parece ter incomodado especialmente o presidente.

“O Senhor pensou que seria desse jeito, mesmo em seus piores pesadelos?” disparou o jornalista Thierry Demaizière, logo em sua primeira pergunta. Hollande reclamou do que seria uma espécie de bullying da imprensa, que o acusa até mesmo de ser azarado, por causa da coincidência de chover em seus discursos. No debate com os cidadãos, chegou a bater boca. Um deles, de origem mais humilde, acabou soltando um palavrão “ah merde!”, mas todos riram.

Para o cientista político Bruno Cautrès, da faculdade parisiense Sciences Po, o programa não ajudou Hollande em nada na árdua tarefa de melhorar sua imagem junto aos franceses: “Globalmente, ele foi mal. Quando falou com os franceses comuns, o abismo parecia gigantesco entre ele e o problema das pessoas. E o fim da entrevista foi catastrófico. Ninguém entendeu nada. Ele mesmo parecia que não sabia do que falava”.

Cautrès acredita que Hollande chegou a um ponto de desmoralização sem volta: “A entrevista não vai ajudar sua popularidade, ao contrário, vai aumentar as dúvidas sobre ele. O presidente está em uma situação em que, quando diz algo, as pessoas já não acreditam mais”.

Atraso nos resultados das reformas

Na avaliação do professor de Economia Felipe Starosta de Waldemar, da Université Paris Sud, Hollande errou tanto no diagnóstico econômico quanto no cálculo do tempo das reformas: “O plano era fazer uma primeira metade de governo com muitas reformas e, na segunda metade, já ter os resultados. Mas eles ainda não vieram. A crítica maior que pode ser feita ao governo, e é uma autocrítica que Hollande fez, é que eles não se deram conta da gravidade da crise econômica no início do mandato”.

De Waldemar acredita que o impasse econômico do governo Hollande é resultado de uma combinação de políticas insuficientes, que teriam levado a economia a uma “espiral negativa”. Por um lado, não houve uma política conjuntural de apoio à demanda das famílias nem ao investimento das empresas logo a partir de 2012. Por outro, a necessidade de reduzir o déficit público fez com que os gastos também fossem diminuídos em 2012 e 2014. “O governo não utilizou nenhuma ferramenta de curto termo para tentar modificar o problema”, afirma o professor.

Ainda assim, o economista diz que Hollande conseguiu, com as políticas de longo prazo, lançar bases importantes para a recuperação da economia nos próximos anos: “O que até agora foi um ponto negativo, pode se tornar a salvação para o seu mandato”.

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