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Reportagem

Desafio da próxima presidente são os serviços públicos, diz senadora francesa

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"Seja com Marina Silva ou Dilma Rousseff", estabilizar a camada da população que está saindo da pobreza e atender às exigências da nova classe média por serviços de qualidade deve ser o foco do novo governo, afirmou Laurence Cohen, senadora do partido comunista francês. Cohen visitou o Brasil do dia 1º ao 9 de setembro com uma delegação do senado francês e apresentou suas impressões essa semana durante um debate na Maison de L'Amérique Latine, em Paris, do qual também participou a coordenadora nacional do Movimento dos Sem Terra (MST), Rosana Fernandes.

Senadora francesa, Laurence Cohen durante debate na Maison de l'Amerique Latine.
Senadora francesa, Laurence Cohen durante debate na Maison de l'Amerique Latine. Taise Parente
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Taíse Parente, em colaboração para a RFI

Para a senadora francesa, o Brasil é um país de contrastes: "a saúde e a educação, por exemplo, são diferentes para ricos e pobres". Ela também se mostrou impressionada com o peso dos lobbys no país, principalmente os das indústrias automotiva e agroalimentar.

"Efetivamente é necessário desenvolver o transporte público no Brasil. Por exemplo, em São Paulo, as pessoas demoram três horas para ir e três horas para voltar do trabalho todos os dias. Mas há 7 milhões de carros na cidade. Como resolver esse problema quando o lobby da indústria automotiva é extremamente poderoso? O lobby no setor agroalimentar também é incrivelmente forte. Aliás, almoçamos com membro da Frente Parlamentar do Agronegócio e eles foram extremamente agressivos em suas opiniões. Defendendo uma certa concepção da agricultura e não dando importância ao uso de pesticidas", afirmou Cohen.

Para a representante do MST, Rosana Fernandes, a luta contra os lobbys e por mudanças reais na sociedade brasileira tem que passar por uma articulação entre campo e cidade. Segundo ela, as manifestações de 2013 foram um sinal de que é possível reascender as lutas de massa no Brasil a partir de pautas comuns, como a educação, o transporte, a moradia e a questão agrária. No entanto, Rosana afirma que, no que diz respeito à reforma agrária, nenhum candidato tem propostas claras.

Candidatos não têm propostas claras para reforma agrária

Muito questionada sobre o voto do MST, ela afirmou que Dilma ainda seria a melhor opção de presidente, já que as políticas assistencialistas herdadas do governo Lula conseguiram, bem ou mal, tirar muita gente da pobreza. Mas lembra que a preferência pela candidata não exime o governo de críticas.

"O balanço é bastante negativo do ponto de vista de novas famílias sendo assentadas nesses doze anos, em relação aos 8 anos de Fernando Henrique Cardoso. Um exemplo disso é que 2013 foi o pior ano para a reforma agrária no Brasil. De 150 mil famílias, apenas 7 mil conseguiram a terra. E isso para nós e os trabalhadores é como perder a esperança de um governo popular fazer aquilo que tínhamos tanta expectativa", criticou Rosana.

É por isso que o MST tomou a iniciativa de enviar uma carta a todos os candidatos à presidência com pontos considerados essenciais a serem abordados nos programas de governo. Além de pedir o assentamento de cerca de 4 milhões de famílias que continuam sem terra no Brasil, a carta apresenta outras quatro prioridades. Entre elas, a necessidade de uma reforma política, melhorias na educação e mudanças estruturais na sociedade e no campo.

Rosana afirma que o Brasil está precisando de um projeto para a sociedade que inclua os trabalhadores. Não apenas políticas assistencialistas, mas mudanças estruturais na sociedade.

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