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Saúde em dia

Refrigerante à vontade em fast food provoca polêmica na França

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A rede de lanchonetes Quick, principal concorrente do Mc Donald’s na França, adotou uma medida que tem causado polêmica : o consumo de refrigerante à vontade. O sistema, comum nos Estados Unidos, é acusado de contribuir para o aumento da obesidade no país.

Captura vídeo do restaurante Quick que por um pouco mais de 2 euros, oferece aos clientes sodas à vontade no seu "drink spot".
Captura vídeo do restaurante Quick que por um pouco mais de 2 euros, oferece aos clientes sodas à vontade no seu "drink spot". parisien.fr
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Inspirado no modelo norte-americano, a rede de fast food Quick decidiu liberar o acesso aos refrigerantes em suas lanchonetes na França. A partir de agora, quem comprar uma bebida, recebe apenas um copo vazio e pode se servir à vontade nas máquinas.

Comum nos Estados Unidos, o sistema era adotado no território francês apenas por algumas filiais das lanchonetes do grupo KFC e os restaurantes instalados nas lojas de móveis Ikea. Mas Quick, que tem 400 pontos de venda espalhados pela França, pretende ir além e implementar o dispositivo em boa parte de sua rede no país.

No entanto, ao abrir as torneiras de suas máquinas de refrigerantes, a empresa comprou uma briga com as associações de luta contra o excesso de peso e os defensores de uma alimentação saudável, que criticam abertamente a iniciativa. Os especialistas se apoiam em estudos recentes, que constatam que o consumo de pelo menos um copo da bebida por dia representaria um aumento de 27% no risco de obesidade entre os adultos. Já entre as crianças, beber diariamente pelo menos um copo de refrigerante aumentaria o risco de obesidade em 60%.

Corinne Peirano, porta-voz da Associação Francesa de Nutricionistas (AFDN), lembra que “os comportamentos alimentares, principalmente em situação de acesso à vontade, tendem frequentemente ao exagero”, e o consumo desse tipo de bebida tem um impacto direto na sensação de fome. Segundo ela, “o indivíduo vai beber muito líquido rico em açúcar, que vai repercutir em sua glicemia – a taxa de açúcar no sangue –, e isso vai ter efeitos colaterais na insulina, o hormônio que faz o açúcar entrar no sangue. Esse desequilíbrio hormonal provoca uma sensação de fome precoce”.

Além do impacto nos hábitos alimentares, o médico Julio Bergmann, cirurgião geral no Hospital de Clínicas de Porto Alegre, chama a atenção para os riscos das chamadas síndromes metabólicas. “Vários artigos científicos demonstram que o uso indiscriminado de alimentos excessivamente calóricos, como refrigerantes, está associado a doenças como diabetes tipo 2, hipertensão e aumento de colesterol”, explica.

Refrigerantes light também representam risco

De acordo com os especialistas, uma latinha de refrigerante pode concentrar o equivalente a 30 gramas de açúcar. Mas isso não quer dizer que as bebidas ditas light não representem um risco. Pierre Souvet, cardiologista e membro da Associação francesa Saúde e Meio Ambiente, ressalta que esse tipo de produto substitui o açúcar por adoçantes e alguns deles tem aspartame, uma substância que podem ser perigosa se consumida em grandes doses. “Constatamos vários casos de doenças do pâncreas ligadas ao consumo excessivo de aspartame. Então mesmo se os refrigerantes light são melhores do ponto de vista calórico, eles nem sempre são a melhor solução do ponto de vista sanitário”, analisa o médico.
 

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