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Depois do Mundial, Brasil recebe a Copa de futebol de robôs

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Se alguém já está saudade de Copa do Mundo, a partir deste sábado uma nova competição mundial de futebol vai começar. Nessa, nenhum jogador corre o risco de levar uma mordida no ombro ou uma joelhada na coluna, mas a emoção também entra em campo. Trata-se da RoboCup, a competição mundial de futebol de robôs, que pela primeira vez vai acontecer no Brasil, em João Pessoa.

RoboCup começa no dia 19, na Paraíba.
RoboCup começa no dia 19, na Paraíba. http://www.science20.com
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A inteligência artificial e o equilíbrio são os maiores desafios para os criadores destes craques. Ao contrário do futebol de verdade, na RoboCup são os japoneses e americanos que despontam como os maiores craques.

Alexandre da Silva Simões, pesquisador da Unesp e um dos coordenadores do evento, conta que a ideia da Copa surgiu depois que um robô venceu pela primeira vez o campeão mundial de xadrez. Agora, o desafio é que um time de máquinas seja capaz de superar o campeão do mundo de futebol em 2050.

“Muita gente pode achar que esse objetivo é irreal. Mas muita gente também pensava que o computador não ganharia do ser humano no xadrez”, constata. “As ligas mais antigas da RoboCup apresentaram uma evolução muito grande. Existem algumas em que a gente praticamente não consegue mais ver a troca de passes entre os robôs, de tão rápida que é.”

Simões relata que os robôs não são controlados por nenhum humano: eles próprios tomam as decisões em campo, inclusive a organização tática da equipe. “Eles são totalmente autônomos. Não estamos falando de um jogo de videogame moderno”, afirma. Os “jogadores” também são capazes de ver o que está dando mais ou menos certo ao longo da partida. “Eles aprendem durante o jogo. Às vezes, começam com uma certa formação, mas ao longo do jogo aprendem que o lado direito está dando mais certo, então mudam. Eles fazem tudo que um time de futebol deveria fazer.”

Expectativa brasileira

Até o momento, cerca de 400 times de 45 países já se inscreveram para a competição, num total 4 mil participantes. Uma das equipes é coordenada pelo professor Reinaldo Bianchi, do Centro Universitário da FEI, de São Bernardo do Campo. Na categoria small size, marcada pela rapidez, o time já foi quatro vezes campeão brasileiro.

“O jogo mais interessante de assistir é o dessa categoria, porque os robôs correm, são rápidos, chutam com muita velocidade. Nessa categoria, a minha expectativa é de que a gente fique pelo menos entre os quatro melhores”, aposta. “Se até a nossa equipe de robôs de verdade ficou entre os quatro melhores do mundo perdendo por 7 a 1 da Alemanha, a gente também tem que conseguir ficar pelo menos entre os quatro melhores.”

Neste ano, a equipe de Bianchi começou a disputar em uma das categorias de humanoides. O professor explica que os robôs precisam ter dois braços, duas pernas e, sobretudo, conseguir manter o equilíbrio, uma tarefa nada fácil.

“Quando o juiz apita, a gente aperta o botão e o robô faz tudo sozinho: tem que procurar a bola sozinho, ir até a bola, conversar com o outro robô, via wifi, para saber qual dos dois vai na bola – e tudo sozinhos. Como essa é a tecnologia de ponta, a que mais está se desenvolvendo, os jogos ainda não são tão interessantes porque os robôs caem muito”, conta. “Quando um robô consegue chegar na bola, as pessoas aplaudem muito. E se ele chutou, é um delírio! Já na outra categoria, tem muitos gols, muita torcida e parece um jogo de verdade.”

Avanços

Alexandre Simões observa que o Brasil teve um avanço significativo na área de robótica nos últimos sete anos, acompanhando uma tendência mundial de valorizar o setor. “Há oito anos, o Brasil praticamente não participava da RoboCup. De lá para cá, a gente se tornou uma das maiores comunidades do evento. Salvo engano, somos a sexta maior comunidade. A robótica deve ser uma das maiores áreas de pesquisa nos próximos anos, no mundo inteiro”, destaca, lembrando que as grandes companhias de tecnologia, como a Google, têm investido na compra de fabricantes de robôs.

A RoboCup não é só futebol: o evento também tem várias outras categorias, como a de tarefas domésticas ou a de logística. A organização da competição espera receber cerca de 60 mil visitantes, até o dia 25 de julho.

 

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