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Fato em Foco

Preparação psicológica dos jogadores é fundamental para sucesso dentro de campo

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As reações emocionadas de alguns jogadores da Seleção brasileira durante as execuções do hino nacional ou mesmo no final de alguns jogos desta Copa do Mundo vêm preocupando a comissão técnica do Brasil e os torcedores. Já outras equipes vêm sendo apontadas como exemplos de preparo mental, como a seleção da Colômbia, adversária do Brasil no jogo de hoje (4) pelas quartas de final da Copa. Os especialistas entrevistados pela RFI confirmam: um bom treinamento psicológico é fundamental para o sucesso das atuações nos gramados.

O atacante brasileiro Neymar (D) chora ao lado do técnico Luiz Felipe Scolari, após a partida contra o Chile, nas oitavas de final da Copa do Mundo.
O atacante brasileiro Neymar (D) chora ao lado do técnico Luiz Felipe Scolari, após a partida contra o Chile, nas oitavas de final da Copa do Mundo. REUTERS/Toru Hanai
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O choro de vários atletas após a partida contra o Chile, nas oitavas de final da competição, no sábado passado, abriu uma densa discussão sobre a falta de estabilidade emocional da Seleção brasileira. Para uma boa parte da mídia nacional, a reação dos atletas está passando dos limites e ressaltando o despreparo psicológico da equipe.

O editor-executivo do canal de televisão ESPN Brasil, Eduardo Tironi, entende que a Seleção brasileira sofre uma grande pressão emocional pela obrigação de conquistar o título deste Mundial. “Qualquer outro resultado vai ser encarado como um fracasso. E o Brasil já tem uma derrota histórica em uma Copa do Mundo em casa, em 1950, para o Uruguai, que é considerado até hoje como um dos maiores fracassos do futebol mundial”, lembra.

As críticas sobre a instabilidade emocional da equipe brasileira preocuparam a comissão técnica, que trouxe de volta à Granja Comary no começo desta semana a psicóloga Regina Brandão. Ela começou a trabalhar com o grupo um pouco antes do início do Mundial e deveria dar continuidade ao treinamento emocional dos jogadores eventualmente, na fase final da competição. Mas o reforço teve que ser antecipado às pressas, antes do jogo de hoje contra a Colômbia.

Para o presidente da Associação Paulista da Psicologia do Esporte, João Ricardo Cozac, este treinamento deveria ter sido iniciado com muito mais antecedência. “Neste evento, onde há uma grande demanda emocional, o trabalho da Psicologia do Esporte não poderia ter começado duas semanas antes deste torneio, que é o maior evento do futebol do mundo”, analisa.

De fato, uma das equipes cujo trabalho emocional mais vendo sendo elogiado é a Colômbia, adversária do Brasil hoje nas quartas de final do mundial. O forte treinamento emocional é desenvolvido há dois anos pelo renomado psicólogo argentino Marcelo Roffé. Não por acaso os colombianos têm 100% de aproveitamento em campo e o artilheiro da Copa, o meia James Ramírez.

Importância do treinamento psicológico

O psicológo do Esporte Rodrigo Scialfa Falcão explica que o equilíbrio mental dos atletas é tão importante quanto os treinamentos físicos e a parte tática. Para ele, um bom trabalho psicológico com os atletas fica principalmente visível em partidas onde há prorrogações ou cobranças de pênaltis. “Vemos que essas equipes que venceram nas prorrogações têm mais concentração e equilíbrio. Já sobre as cobranças de pênaltis, há várias pesquisas que comprovam que quem tiver o melhor preparo psicológico durante a cobrança é quem vai marcar”, ressalta.

Cozac considera que um bom treinamento psicológico precisa ser feito com tempo, com ao menos um ou dois anos de antecedência para que os resultados comecem a ser efetivos. Depois, é necessário que o trabalho seja multi-interdisciplinar, ou seja, entre o preparador físico, o médico e o psicólogo do time.

Além disso, segundo Cozac, é necessário ter conhecimento do comportamento dos jogadores individual e coletivamente - análise que é feita através de testes, questionários e entrevistas. “Só assim o psicólogo conhecerá os perfis e as demandas para começar o trabalho de intervenção”, detalha.

Falhas técnicas

Tironi acredita que o mau desempenho do Brasil pode ser muito mais atribuído ao despreparo técnico do que psicológico. “O maior problema da equipe do Brasil neste momento é uma questão técnica, que tem resultado nas más atuações em campo e no abalo emocional da equipe.”

O jornalista lembra que os stress dos jogadores também foi acentuado por declarações do presidente da CBF, José Maria Marin, que disse que não aceitaria outro resultado além da conquista do Mundial. O técnico Luiz Felipe Scolari e o coordenador técnico, Carlos Alberto Parreira contribuíram o stress da equipe, dizendo que o Brasil é o favorito ao título. “Todas essas declarações caíram como uma bomba dentro do grupo, que sente medo de fracassar em casa diante da torcida brasileira em um Mundial pela segunda vez na história”, finaliza.

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