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Linha Direta

Massacre na praça da Paz Celestial completa 25 anos

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Há vinte e cinco anos, um importante movimento de oposição ao Partido Comunista Chinês (PCC), que denunciava corrupção e exigia reformas democráticas, foi violentamente reprimido na China. O massacre da Praça, em Pequim, é lembrado hoje como um dos episódios mais importantes da história recente do país e um símbolo da luta pela garantia de liberdades na segunda maior economia do mundo. Pequim classifica o ocorrido de movimento “contrarrevolucionário” e o tema continua sendo mais do que censurado pelas autoridades.  

Ciclista passa em frente ao Monumento aos Heróis do Povo na Praça Tiananmen, antiga Praça da Paz Celestial, em Pequim. O governo chinês deslocou forte aparato policial nesta quarta-feira, 4 de junho de 2014, quando são celebrados os 25 anos do massacre.
Ciclista passa em frente ao Monumento aos Heróis do Povo na Praça Tiananmen, antiga Praça da Paz Celestial, em Pequim. O governo chinês deslocou forte aparato policial nesta quarta-feira, 4 de junho de 2014, quando são celebrados os 25 anos do massacre. REUTERS/Petar Kujundzic
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Luiza Duarte, correspondente da RFI em Hong Kong

Enquanto a praça da Paz Celestial em Pequim amanheceu sob alta vigilância, diversos protestos para lembrar o 4 de junho de 1989 são organizados em Hong Kong e Taiwan. Milhares de pessoas são esperadas na noite desta quarta-feira no Victoria Park, em Hong Kong, para uma vigília em memória dos 25 anos do massacre.

Ativistas e as principais ONG em defesa dos direitos humanos estarão presentes. Este é um ato de protesto, que lembra que muito pouco mudou na China nas últimas décadas em termos de liberdade e pede reformas, como a reforma constitucional. Uma das bandeiras dos jovens de 1989, que até hoje não foi levada em conta pelo Partido Comunista Chinês.

Organizações pró-democráticas vão aproveitar o evento para mobilizar a opinião pública e a mídia internacional. Através de discursos, da divulgação de imagens de ativistas presos, da projeção de documentários e distribuição de panfletos, eles querem fazer circular informações censuradas na China.

Em Hong Kong, onde a diversidade de vozes ainda tem seu espaço, o final de semana também foi marcado por eventos em memória do movimento. A réplica de um tanque pintado de branco ao lado da estátua da deusa da democracia foram instalados no Times Square, área de grande circulação da cidade. Este ano, na região administrativa especial chinesa, foi criado o primeiro museu permanente sobre o massacre. O espaço já recebeu mais de 5 mil visitas, no primeiro mês de funcionamento

ONGS denunciam campanha do silêncio

ONGs e ativistas chineses estão denunciando uma campanha do silêncio posta em prática pelas as autoridades chineses para abafar qualquer referência ao massacre. Todo ano, o governo chinês aperta a repressão nos dias que antecedem datas políticas sensíveis como essa. Segundo a Anistia Internacional, nesse aniversário de 25 anos, a ação de repressão política foi mais intensa.

A ONG divulgou uma lista com cerca de 50 ativistas presos ou perseguidos nas últimas semanas, numa tentativa do PCC de enfraquecer as ações lembrando o massacre.

A censura inclui também a Internet. Na terça-feira (3), o site de buscas Google e seus serviços como o Gmail e o Google tradução, normalmente muito lentos na China, se tornaram inacessíveis. Em um comunicado, o Google afirmou que não detectou problemas técnicos de seu lado e que não é o responsável pelo apagão no país.

As autoridades intensificaram a campanha de "manutenção da estabilidade", para evitar ações que evoquem o banho de sangue na praça da Paz Celestial e mesmo o debate e a circulação de informação sobre o movimento de contestação do final dos anos 80.

Segurança é reforçada em estações de metrô

A segurança foi reforçada em ônibus e estações de metrô, onde passageiros aguardam para passar por detectores de metal. Postos de controle foram instalados para inspecionar veículos que entram e saem da cidade. Alguns jornalistas estrangeiros trabalhando na China foram convocados ao escritório chinês de Segurança Pública e alertados sobre “sérias consequências em desobedecer as autoridades”, em uma clara tentativa de dissuadi-los da cobertura do aniversário, segundo o Clube de Correspondes Estrangeiros da China.

A China considera o ocorrido como um protesto “contrarrevolucionário” e até hoje não divulgou um número oficial de mortos provocados pela repressão. No dia 4 de junho de 1989, o governo chinês colocou fim aos dois meses de ocupação estudantil da praça central da capital, graças a uma violenta intervenção militar, que provocou a morte de mais de 2 mil pessoas e deixou outros milhares de feridos, segundo os dados da Cruz Vermelha chinesa. Tido com um dos mais importantes episódios da história recente da China, a contestação contra o regime do PCC continua banida dos livros escolares e é um tabu no país.

Na terça-feira, a Comissária das Nações Unidas para os direitos humanos, Navi Pillay, reforçou que é muito importante que um processo para estabelecer a verdade sobre o caso da praça da Paz Celestial seja implantado. Sem reconhecimento da parte das autoridades, as famílias das vítimas nunca foram indenizadas e esperam até hoje por justiça.

Na mesma data, o porta-voz do Ministério chinês das Relações Exteriores, Hong Lei, afirmou que nas últimas três décadas de reforma e abertura, grandes realizações da China no desenvolvimento econômico e social têm recebido atenção mundial. Mas que “a construção da democracia e do Estado de direito continuam sendo aperfeiçoados".
 

 

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