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Linha Direta

Reaquecimento da economia espanhola não representa fim da crise

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A economia espanhola alcançou em abril o maior crescimento desde o início da crise. O desempenho alimentou teses de que o país já deixa para trás a série de recessões que enfrenta desde 2008, com um dos piores desempenhos da zona do euro. Mas ainda há muitos desafios pela frente como, por exemplo, o desemprego, que continua registrando  recordes históricos.

O fim da recessão não repercutiu no desemprego na Espanha, que afeta 25% da população.
O fim da recessão não repercutiu no desemprego na Espanha, que afeta 25% da população. INEM
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Luisa Belchior, correspondente da RFI Brasil em Madri

A economia espanhola registrou um crescimento de 0,4% no Produto Interno Bruto que o país alcançou no primeiro trimestre deste ano, segundo dados divulgados na quinta-feira (24) pelo Banco de Espanha. É um crescimento tímido, mas também o melhor desempenho da economia espanhola desde 2008, quando a crise financeira dos Estados Unidos arrastou a Espanha.

Fim da crise?

Se esse desempenho já quer dizer que a Espanha já saiu da crise? Ainda não há um prognóstico definitivo. Como este foi o terceiro trimestre consecutivo com crescimento, pode-se dizer tecnicamente que o país não está mais em recessão.

Além disso, os dados recém-divulgados, os primeiros de 2014, ecoam nos prognósticos de organismos como o FMI, o BCE e muitas agências de risco para a Espanha em 2014. Mas economistas daqui e de toda a Europa ainda veem com cautela uma certa euforia do mercado.

É certo que há mais consumo e investimentos, que foram, aliás, os impulsores do PIB, e uma menor volatilidade. Mas os especialistas alertam que ainda há problemas a se resolver, como o risco de deflação, o déficit estrutural, que continua alto, uma dívida pública em torno a 100% do PIB, a falta de reformas econômicas e, principalmente, o desemprego.

Falta de trabalho

Apesar desse crescimento, o desemprego teve apenas uma ligeira queda, de 26% para 25%, queda que é fruto de uma correção na metodologia de cálculo do índice, o que significa que na prática ele não baixou.

A taxa de desemprego é tradicionalmente alta na Espanha. No início dos anos 2000, quando o país passava pelo boom de crescimento, esse índice não baixou de 8%. Sobretudo pela economia informal, ou seja, pessoas que declaram não trabalhar quando, na verdade, estão trabalhando. E o atual governo espanhol ainda não conseguiu a fórmula ideal para reduzir esse índice pelo menos nos níveis da média da zona do euro, em torno aos 10%.

Cotidiano do consumidor

No dia a dia dos espanhóis, o que se vê é que estamos longe do clima de euforia que já domina certos setores do mercado, mas há sim uma ligeira melhora em comparação com 2009 e 2010, tanto no estado de ânimo quanto de fato na riqueza financeira da família, ou seja, tudo que não seja bens imóveis.

Mas esses mesmos prognósticos que apontam uma melhora estrutural da economia em 2014, também indicam que esse desempenho ainda vai demorar um pouco mais para alcançar os bolsos da população. Até porque agora os cidadão sentem com mais força os efeitos da série de cortes sociais aplicados ao longo do ano passado pelo governo do país.

 

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