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Formação de governo pelo premiê Manuel Valls foi exercício de equilibrismo

Os primeiros desafios do novo primeiro-ministro francês, Manuel Valls, da formação do governo até o combate ao déficit do país como exige Bruxelas, estão estampadas nas manchetes da imprensa que circula na França nesta quarta-feira (2).

Capa dos jornais franceses, Aujourd'hui, Le Figaro, La Croix, Libération.
Capa dos jornais franceses, Aujourd'hui, Le Figaro, La Croix, Libération.
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O Aujourd'hui en France afirma que o novo premiê francês viveu uma verdadeira maratona de consultas nas suas primeiras horas à frente de Matignon, como é conhecida a sede do governo francês. Entre a recusa dos ecologistas de fazer parte de sua equipe, a guerra interna dos socialistas para acomodar grandes nomes do partido nos ministérios e a insatisfação da ala mais à esquerda do PS, Manuel Valls sofreu para formar seu gabinete, afirma o jornal. É um verdadeiro show de equilibrista, diz o Aujourd'hui en France em sua manchete.

Não dos "Verdes" virou problema

Segundo o Libération, mesmo após uma rodada intensa de reuniões e consultas, os "Verdes", como são chamados os integrantes do partido Europa-Ecologia, decidiram finalmente abandonar o barco socialista e não participar do novo governo. Segundo o jornal, os "Verdes" se recusam a compor com Manuel Valls por discordar de seu estilo, mas não romperam totalmente com os socialistas. O partido Europa-Ecologia, que tinha dois políticos no governo anterior, de Jean-Marc Ayrault, promete uma "parceria vigilante". Mal começou a trabalhar, Manuel Valls terá que administrar essa fratura, que por enquanto é pequena, mas pode se tornar um problema no futuro, estima o Libération.

O "não" dos Verdes a Manuel Valls diminui a maioria do primeiro-ministro que ainda enfrenta a desconfiança de uma ala do seu próprio Partido, o Socialista, escreve o Le Figaro. Em editorial, o jornal diz que a saída dos ecologistas abre a possibilidade para Manuel Valls inciar uma "nova etapa" na política, como prometida pelo presidente François Hollande. Os "Verdes" impedem a exploração do gás de xisto, militam pela descriminalização da maconha e da eutanásia, além de defender a integração de imigrantes de origem cigana, lembra o jornal conservador. Sem essa pressão, Valls e Hollande vão poder se concentrar na retomada do crescimento econômico, assunto prioritário no país, estima o Le Figaro.

Pressão dentro e fora de casa

O diário econômico Les Echos informa que Manuel Valls já sofre pressão dos vizinhos europeus para conter o déficit da França, que não recua apesar de medidas impopulares já adotadas pelo governo. Na segunda-feira, o pedido do presidente Hollande a Bruxelas para conceder novo prazo para a França reduzir seus gastos públicos irritou os europeus, afirma o jornal. As autoridades financeiras do bloco deram novo puxão de orelhas na França para que o país cumpra seu compromisso de reduzir as despesas públicas e adotar reformas para melhorar a competitividade de suas empresas.

A tarefa de Manuel Valls é difícil, avalia o La Croix. Ele quis e lutou pelo cargo, mas agora terá que arregaçar as mangas para endireitar economicamente a França, condição indispensável para uma política social mais generosa, escreve o jornal católico em seu editorial. Mas a realidade é dura: o déficit e o desemprego do país não param de subir. O pacto de responsabilidade proposto pelo governo, com alívio dos encargos para empresas e trabalhadores, precisa ser melhor detalhado, estima o La Croix. A oposição francesa e as autoridades de Bruxelas vão acompanhar de perto os passos do governo Valls que vai ser pressionado para mostrar logo resultados, alerta o jornal.
 

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