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Palestinos/Política

Arafat não foi envenenado por polônio, dizem especialistas russos

Investigadores russos encarregados de analisar os restos mortais do ex-líder palestino excluíram completamente nesta quinta-feira, a hipótese de sua morte por envenenamento por polônio. As conclusões são as mesmas reveladas por um relatório de especialistas franceses que foi muito criticado pela viúva de Arafat.

© AFP
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Yasser Arafat “morreu de forma natural e não resultado de uma irradiação”, afirmou Vladimir Ouiba, diretor da agência federal russa de análises biológicas. Ele foi citado por agências de notícias russas. As conclusões coincidem com as dos experts franceses que receberam autorização da justiça da França, acionada pela viúva do líder histórico palestino, morto em 2004, aos 75 anos, em um hospital militar perto de Paris.

Os resultados dos especialistas russos e franceses contradizem as análises de experts suíços que  denunciaram uma “declaração política”.

O embaixador palestino em Moscou afirmou que a investigação não foi totalmente concluída. “Ficou decidido a continuidade dos trabalhos”, disse Faed Mustafa à agência Ria Novosti. Os dirigentes palestinos acusam Israel de estar por trás da morte de Arafat e defendem a criação de uma comissão de investigação internacional.

As causas de morte de Arafat, em novembro de 2004, após uma brusca deterioração de seu estado de saúde, nunca foram totalmente elucidadas.

Juízes franceses encarregados do caso ordenaram a exumação do corpo do dirigente palestino, o que foi feito em novembro de 2012. Cerca de 60 amostras coletadas foram distribuídas para análise entre três equipes de especialistas suíços, franceses e russos. Cada equipe realizou o trabalho individualmente, sem contato entre elas.

No início de dezembro o tribunal de Nanterre, nos arredores de Paris, anunciou que os especialistas franceses tinham concluído pela “ausência de um envenenamento por polônio 210 de Arafat”. O polônio é uma substância radioativa altamente tóxica.

A viúva de Arafat declarou que pretende contestar na justiça o resultado das análises. “Estou convencida que o mártir Arafat não morreu de causa natural”, declarou Souha Arafat um dia depois da divulgação do relatório francês.

"Declaração política"

Especialistas suíços indicaram no início de novembro que eles privilegiavam a hipótese de um envenenamento por polônio 210. As equipes da Suíça e da França constataram doses acima do normal da substância no corpo de Arafat. Mas, para os experts franceses, a presença de um gás radioativo natural, o radônio, no ambiente externo explicaria as fortes quantidades registradas no corpo do líder histórico dos palestinos.

“Nós terminamos as nossas análises e todo mundo concorda com nossa expertise”, declarou Ouiba, descartando uma nova investigação. "Houve declarações ambiciosas da parte dos suíços, mas elas foram retiradas e os franceses confirmaram nossas conclusões”, disse diretor da agência federal russa de análises biológicas.

Os especialistas suíços desmentiram uma mudança de sua posição. “Os russos, eles antecipam muitas coisas sem dar o devido valor numérico, sem o menor argumento científico, então para mim é vazio, é uma declaração política”, afirmou o professor François Bochud, diretor do Instituto de radiofísica de Lausanne. Após a publicação do relatório francês, o professor declarou “ter tido dificuldade para compreendê-lo”.

Durante uma reunião no sábado no Cairo, com a presença de Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade Palestina, os ministros árabes das Relações Exteriores, encarregaram o grupo árabe nas Nações Unidas de encaminhar oficialmente à Assembléia Geral da ONU o pedido da constituição de uma comissão de investigação independente para esclarecer a morte de Yasser Arafat.
 

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