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Problemas sócio-econômicos são motor de crise política na Tailândia

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Uma monarquia constitucional que viveu 18 golpes militares desde 1932, regida por uma primeira-ministra com escassa experiência política e acusada de ser manipulada pelo irmão, antigo chefe de Estado, destituído do poder em 2006 e exilado em Dubai. A Tailândia apresenta um cenário político controverso, onde a oposição, o Partido Democrata, é integrado por conservadores que exigem que o atual governo seja destituído e substituído por um "conselho popular" e tecnocrata. Onde o rei não participa diretamente das decisões políticas, mas tem a palavra final em contextos de crise como a que o país vive neste momento. Onde toda a instabilidade governamental se baseia em problemas estruturais que datam de várias décadas, e especialmente sócio-econômicos, como explicam especialistas nesta reportagem.

Tailandeses protestam nas ruas de Bancoc contra o governo da primeira-ministra Yingluck Shinawatra, nesta terça-feira, dia 3 de dezembro.
Tailandeses protestam nas ruas de Bancoc contra o governo da primeira-ministra Yingluck Shinawatra, nesta terça-feira, dia 3 de dezembro. REUTERS/Damir Sagolj
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O governo da primeira-ministra tailandesa Yingluck Shinawatra enfrenta, desde outubro, uma série de manifestações, lideradas pelo ex-deputado Suthep Thaugsuban, e que exigem a sua renúncia. No último fim de semana, os protestos levaram mais de 180 mil tailandeses às ruas. Os manifestantes apostaram na violência como instrumento de pressão, o que resultou em 4 mortos e cerca de 250 feridos.

Se até então os protestos vinham sendo duramente reprimidos pela polícia, no início desta semana, a primeira-ministra diminuiu a ação das forças de ordem e permitiu que prédios do governo fossem até mesmo ocupados pelos insurgentes - em uma estratégia do governo para acalmar os ânimos no país.

"É um gesto de reconciliação, simpático aos grupos opositores e também uma prova de força do governo tailandês", analisa o professor e pesquisador da Sciences Po de Paris, David Camroux. Para ele, a possibilidade da renúncia de Yingluck Shinawatra está cada vez mais distante, devido à popularidade da primeira-ministra e de seu partido, o Puea Thai.

"Shinawatra está ganhando tempo para lutar contra o relógio e se mantém no poder. Ela também enfrenta os pedidos de antecipar as eleições porém, mesmo se as eleições forem antecipadas, seu partido deve vencê-las, como já aconteceu outras cinco vezes", analisa Camroux.

Novas lideranças

A crise política pela qual passa a Tailândia neste momento tem raízes profundas, datam do estabelecimento da monarquia constitucional, em 1932, fortemente dominada pelas Forças Armadas do país. As novas lideranças políticas, como o partido no poder, o Puea Thai, de cunho populista, dão finalmente voz a grupos sociais e econômicos que até então eram excluídas da esfera governamental.

"Isso preocupa demais a oposição, os militares e até a monarquia. A instabilidade política no país ficou muito clara. A Tailândia está dividida e essas diferenças não vão desaparecer facilmente porque são questões estruturais", diz o cientista político, especialista em conflitos internacionais e professor de Relações Internacionais da ESPM, Heni Ozi Cukier.

Integrante do Grupo de Estudos da Ásia-Pacífico (GEAP-PUC/SP), o professor do Centro Universitário Unifai e da Academia da Força Aérea Brasileira, Carlos Eduardo Riberi Lobo, explica que muitos problemas são o pano de fundo para a crise política de Bancoc. "É um país que está tentando se modernizar, um país rural, com altos índices de corrupção e pobreza. Isso sem falar nos problemas de minorias étnicas, como é o caso da própria primeira-ministra e seu irmão, que têm origens chinesas", ressalta.

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