Estudantes franceses voltam às ruas contra expulsão de adolescente cigana

Pelo segundo dia consecutivo, os estudantes franceses fazem um protesto contra a expulsão de dois jovens, um para a Armênia e outro para o Kosovo. Os estudantes secundaristas bloqueiam a entrada de pelo menos 20 escolas de Paris.

Estudantes secundaristas franceses durante protesto em Paris na quinta-feira, 17 de outubro. Clare Sharkey

Em um dos estabelecimentos escolares na região central de Paris, estudantes empilharam latas de lixo para bloquear o acesso à escola. Com cartazes e bandeiras, eles defendem que dois jovens, Leonarda e Khatchik, voltem à França, apesar da situação irregular deles e de suas famílias. Eles afirmam que o movimento vai crescer. Uma passeata está prevista no início da tarde.

O ministro da Educação, Vincent Peillon, pediu hoje que os estudantes voltem às salas de aula e não impeçam a entrada dos que querem estudar. Se eles defendem o “direito à educação, não devem bloquear a entrada de quem quer ir para a escola", disse o ministro. Ontem, os estudantes já fizeram passeatas para pedir que a adolescente deportada volte para a França.

A polêmica em torno da expulsão da jovem gera mal-estar no governo socialista. O ministro do interior, Manuel Valls, pediu uma investigação. Se for constatado abuso da polícia no processo de expulsão da jovem cigana, o primeiro-ministro, Jean-Marc Ayrault ,afirmou que ela e sua família poderão voltar à França. Leonarda, de 15 anos, foi detida no ônibus escolar  na frente de seus colegas. O ato chocou uma parte da opinião pública francesa.

Uma circular de 2005, quando a direita estava no poder, pedia que se evitasse a detenção de menores em situação ilegal dentro ou perto das escolas. A última circular, de 2012, do atual ministro do Interior, não deixa claro a abordagem de imigrantes em situação irregular no ambiente escolar.  O ministro da Educação defende medidas para proteger a escola e os estudantes. Ontem, o governo disse que vai rever a circular para deixar claro os limites da polícia nesse local.

Crise

O presidente François Hollande ainda não se manifestou sobre a polêmica e sofre pressões para demitir seu ministro do Interior que é o responsável pela política de imigração. Mas Manuel Valls é o nome mais popular entre os socialistas e muitos o consideram intocável.

Essa situação desconfortável do governo tem origem num drama de uma família que chegou à França em 2008 em situação ilegal. O pai de Leonarda admitiu ter mentido às autoridades francesas para facilitar o pedido de asilo ao país.

Ele apresentou um documento falso de seu casamento e disse que toda a família vinha do Kosovo. Na verdade, apenas ele nasceu na ex-província sérvia. Sua mulher e cinco filhos, nasceram na Itália e o sexto filho na França.