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Cinco brasileiros participam da Bienal de Artes Plásticas de Lyon

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Poética, perturbadora ou dramática, a narrativa é o fio condutor da 12ª Bienal de Lyon, um dos eventos mais importantes do gênero, que desde quinta-feira reúne 77 artistas do mundo inteiro no sudeste da França. O Brasil tem cinco representantes na exposição internacional.

Fachada da Sucrerie, espaço emblemático da Bienal de Lyon, pintada pelo artista brasileiro Paulo Pjota.
Fachada da Sucrerie, espaço emblemático da Bienal de Lyon, pintada pelo artista brasileiro Paulo Pjota. La Biennale de Lyon
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As obras expostas em Lyon ilustram uma grande variedade de gêneros, do desenho figurativo clássico à animação digital, passando por instalações e performances. Enquanto alguns artistas fazem referência ao noticiário - por exemplo a catástrofe de Fukushima, no Japão, ou o massacre de Aurora, nos Estados Unidos -, outros deixam de lado o engajamento político para colocar em cena um imaginário íntimo ou brincam com a própria ideia de narrativa.

A seleção do curador islandês Gunnar Kvaran tem figurões do mercado da arte, como os americanos Jeff Koons e Matthew Barney e a japonesa Yoko Ono. Mas ele também apostou nos jovens artistas de países emergentes, entre eles cinco brasileiros.

"É sobretudo na temática que os brasileiros se diferem dos artistas do resto do mundo. Os temas são muito próximos da realidade cotidiana deles. São cidadãos preocupados com o meio ambiente e a sociedade onde vivem. Estão engajados em um diálogo político, mas ao mesmo tempo são artistas que percebem que a potência de suas obras reside sobretudo na originalidade da sua estética e da sua transmissão", disse Gunnar Kvaran à RFI Brasil. 

Um dos brasileiros que participam da Bienal de Lyon é o carioca Gustavo Speridião. Ele fez uma releitura de um livro da revista Life, dando sua própria versão da história da arte em uma obra que, de acordo com o curador, é "muito fantasista e criativa, sem deixar de ser política".

Gustavo Speridião também participa de um projeto paralelo da Bienal com o vídeo "Estudos Superficiais". Durante quatro meses, mais de 70 famílias da periferia de Lyon vão ter em casa uma obra de um dos artistas da exposição internacional. Ao final, elas vão criar a partir dessa experiência sua própria narrativa.

Já o maranhense Thiago de Melo apresenta três pinturas em grandes dimensões, quadros fragmentados que segundo Gunnar Kvaran "contam uma história muito crítica sobre a Amazônia e a realidade social brasileira". O próprio artista descreve esses trabalhos como "uma catarse pictórica pós-colonial" e afirma sua vontade de resgatar a tradição brasileira do sincretismo cultural e religioso.

"Temos ainda em Lyon um artista, Paulo Nazareth, que faz performances de longa duração, acompanhadas de uma documentação. O pintor Paulo Pjota vem da arte de rua e agora trabalha em um ateliê, mas levou com ele a metodologia, a técnica e a abordagem das ruas. Temos ainda o artista conceitual Jonathas de Andrade, que nos conta uma história sobre a produção de balas. Ao mesmo tempo ele coloca essa bala em um contexto econômico e social, questionando o colonialismo e o neocolonismo e o conflito entre a produção e os trabalhadores", descreve o curador, enfatizando a variedade de linguagens usadas pelos artistas brasileiros.

O trabalho apresentado pelo alagoano Jonathas de Andrade lhe valeu o prêmio da Francofonia, entregue a artistas francófonos ou francófilos.

Além de expor suas obras, o paulista Paulo Pjota ocupou a impressionante fachada da Sucrerie, uma antiga fábrica de açúcar que é um espaço emblemático da exposição internacional.

Quanto ao mineiro Paulo Nazareth, ele ainda está na estrada. Seu trabalho consiste em refazer a pé o itinerário do tráfico negreiro, da África do sul a Lyon.

A 12ª Bienal de Lyon ficará aberta ao público até o dia 5 de janeiro.

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