Condenação definitiva marca fim da carreira política de Berlusconi, diz Libération
A imprensa francesa desta sexta-feira comenta a decisão da Corte Suprema italiana, que ontem confirmou a condenação à prisão do ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi por fraude fiscal. Os jornais enfatizam a necessidade de renovação na política italiana para combater a influência do "Cavaliere".
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A manchete de Libération é "Naufrágio à Italiana". Para o jornal progressista, o veredicto da Corte Suprema marca o fim da carreira política do ex-premiê italiano, que até agora havia sempre conseguido driblar a justiça.
O diário traz uma reportagem explicando como o "Cavaliere" conseguiu ser alvo de tantos processos sem nunca ter tido uma condenação definitiva e como ele foi capaz de convencer os eleitores italianos durante tanto tempo.
Em seu editorial, o Libération comenta que Berlusconi acabou sendo condenado por uma simples fraude fiscal, bem menos grave do que outras acusações contra ele examinadas pela justiça, como a de corrupção de funcionários públicos ou cumplicidade com a máfia.
O jornal aponta, no entanto, que as ideias e o estilo do "rei do bunga bunga" ainda têm uma impressionante capacidade de seduzir os eleitores, como foi demonstrado nas últimas eleições.
Por isso a Itália, e sobretudo a esquerda italiana, "terão que encontrar uma resposta política ao ex-presidente do Conselho que domina seu país há vinte anos", diz o diário. "Os juízes puderam fazer seu trabalho. Agora cabe aos políticos fazer o deles", conclui Libération.
Fenômeno
O jornal conservador Le Figaro também dedica sua manchete a Berlusconi, com o título "A queda do Cavaliere". Em seu editorial, o diário diz que Berlusconi foi "condenado, mas não eliminado".
Seu partido, o Povo da Liberdade, é um dos pilares da coalizão no poder, com nada menos que cinco ministros. Se Berlusconi decidir que eles devem pedir demissão após essa decisão da justiça, a Itália pode viver uma nova crise política.
O jornal se interroga sobre o "fenômeno" Berlusconi, que continua sendo popular em seu país apesar das gafes, processos e escândalos acumulados ao longo dos anos.
Le Figaro conclui que o balanço da ação de Berlusconi no poder é pobre: ele não conseguiu realizar sua ambição de modernizar a Itália. A cada vez que liderou o país, "ele brilhou mais pelo verbo que pelos atos", afirma o jornal. Mas nenhum outro político italiano se mostrou capaz de ter a mesma influência que o "Cavaliere".
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