Desde o início desta semana, o preço do maço de cigarro na França está 20 centavos de euro mais caro. Um pacote da marca mais barata passou a custar cerca de 6,30 euros (cerca de 18,4 reais) e a mais cara 6,80 euros (19,8 reais). A medida foi tomada a favor da saúde pública, já que doenças relacionadas ao consumo do tabaco provocam a morte de 73 mil pessoas por ano na França. No entanto, associações de luta contra o tabagismo criticam a decisão do governo francês, argumentando que o acréscimo de apenas 20 centavos não influencia o comportamento dos fumantes, que hoje são 13,5 milhões na França e que representam 30% da população do país.
Para Clémence Cagnac-Lardeau, diretora da associação francesa Alliance contre le Tabac (Aliança contra o Tabaco), a mudança no preço é muito pequena para influenciar o fumante. "Os aumentos anteriores não implicaram na diminuição do consumo. Assim, acreditamos que estabelecendo valores redondos como 7, 7,50 euros ou 8 euros, é possível ter um efeito psicológico sobre os consumidores", avalia.
Para muitos franceses, a medida serve apenas para favorecer a receita fiscal do Estado. Os impostos sobre a compra de um pacote de cigarro chegam hoje a 80% do valor do produto. É o que argumenta o pesquisador e professor de língua árabe da Universidade de Grenoble, Ali Jardou.
"O que o governo faz não é realmente para reduzir o número de fumantes. Acredito que eles aumentam o preço do maço de cigarro quando eles pretendem arrecadar mais impostos sobre a venda deste produto. E eu acho que esta medida não influencia ninguém. Mesmo que eles cobrem 20 centavos a mais pelo preço do maço, eu vou continuar comprando meu cigarro. Ou seja, não vou parar de fumar devido a este aumento", diz.
Mas segundo o coordenador da Comissão do Tabagismo da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, Luiz Carlos Corrêa da Silva, o acréscimo no preço é a medida que tem mais impacto. "De acordo com informações da Organização Mundial da Saúde, a cada 10% de aumento no valor do cigarro, o consumo diminui em cerca de 4%.".
No entanto, para ele, a melhor ação para a diminuição do consumo do tabaco é proibi-lo em ambientes fechados. "No momento em que você restringe os locais para fumar, e se o fumante já não pode fazê-lo no ambiente de trabalho, ele já tem mais um incentivo contra o vício", analisa.
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