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Linha Direta

Europeus investigam suposta espionagem americana há dez anos

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A União Europeia exige uma resposta clara de Washington para a denúncia do programa de espionagem da Agência de Segurança Nacional (NSA) feita pelo ex-funcionário da CIA, Edward Snowden. De acordo com a revista alemã Der Spigel, o serviço secreto americano grampeou ligações dos líderes do bloco e vasculhou milhares de e-mails e documentos nos computadores das instituições europeias. A França ameaça bloquear as negociações do acordo de livre comércio entre os dois lados do Atlântico.

A sede do Parlamento Europeu em Bruxelas teria sido espionada pelos Estados Unidos.
A sede do Parlamento Europeu em Bruxelas teria sido espionada pelos Estados Unidos. Flicker/Creative Commons
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Existem ameaças reais, principalmente da França, de bloquear as negociações marcadas para este mês, caso a denúncia de Snowden não seja esclarecida. Apesar de serem aliados tradicionais, já havia indícios de que os europeus estavam desconfiados de uma provável atividade de espionagem americana no edifício do Conselho Europeu, em Bruxelas.

Os microfones teriam sido colocados nas cabines dos tradutores durante a construção do edifício, entre 1993 e 1994. Os responsáveis pela segurança do prédio descobriram uma série de chamadas telefônicas interrompidas, aparentemente feitas a partir da sede da OTAN, que também fica na capital belga. Dez anos após esta descoberta, a investigação da justiça belga ainda não chegou a nenhum resultado concreto.

 

 

Vários governos europeus estão indignados e declararam que o susposto caso de espionagem é uma reminiscência da Guerra Fria. Alertaram que se a imprensa confirmar as suspeitas, as negociações para um acordo de livre comércio entre UE-EUA deverão ser suspensas. A França é a mais enfática na cobrança ao governo americano. O presidente francês, François Hollande, ressaltou que “este tipo de comportamento não deve ser admitido entre parceiros e aliados”.

No entanto, Itália e Grã-Bretanha tentam contemporizar. O fundador do site WikiLeaks, Julian Assange, informou que o governo britânico negou a entrada de Snowden em seu território de forma preventiva, com medo de irritar Washington. Já a Alemanha disse que os Estados Unidos deveriam restaurar a confiança em seus aliados europeus.

O presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, pediu uma auditoria completa da segurança nas instituições europeias, enquanto a sua porta-voz tentou minimizar a situação, afirmando que os escritórios da representação da UE em Nova York e Washington haviam trocado de endereço recentemente. Segundo a denúncia da revista alemã Der Spigel, os americanos teriam colocado escutas e também infiltrado toda a rede de computadores destas representações.

A Comissão Europeia afirmou estar aguardando uma resposta clara e transparente de Washington. O presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, disse estar profundamente preocupado e também exigiu a imediata clarificação destas alegações pelas autoridades norte-americanas.

 

 

Enquanto isso, Edward Snowden, um dos homens mais procurados pelas autoridades americanas no momento, quebrou o silêncio ontem, pela primeira vez, desde que fugiu para Moscou, há 8 dias, para dizer que continua livre para fazer novas revelações sobre a atividade de espionagem dos Estados Unidos.

O ex-técnico em segurança digital da NSA, que pediu asilo político à Rússia, mas retirou o pedido nesta manhã por não aceitar as condições impostas pelo presidente Vladimir Putin, está na área de trânsito do aeroporto de Moscou. Putin afirmou que ele só poderia ficar no país se parasse de divulgar informações secretas e não causasse mais danos aos parceiros americanos. Como Snowden pediu asilo a 21 países, incluindo o Brasil, ele ainda tem outras cartas na manga.

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