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Tragédia/Bangladesh

ONGs cobram responsabilidade de grandes grifes no desabamento

O confederação internacional de ONGs Oxfam pediu hoje às empresas que mantinham relações comerciais com as confecções do Rana Plaza indenizem as vítimas, como fez o grupo britânico Primark. O prédio, onde funcionavam diversas oficinas, desabou na semana passada, deixando ao menos 382 mortos e mais de mil feridos.

Equipes de resgate tentam encontrar sobreviventes nos escombros do edifício Rana Plaza, em Bangladesh.
Equipes de resgate tentam encontrar sobreviventes nos escombros do edifício Rana Plaza, em Bangladesh. REUTERS/Khurshed Rinku
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"A decisão da Primark de indenizar os sobreviventes e as famílias das vítimas do desabamento é bem-vinda", disse, por meio de um comunicado, o responsável da organização encarregado de Bangladesh, Gareth Price Jones. "As outras empresas que têm fornecedores neste prédio deveriam fazer o mesmo". De acordo com o texto, "as companhias devem aproveitar para se certificar de que representantes e fornecedores locais em países estrangeiros respondam às normas de segurança e à legislação vigente. É essencial que boas condições de trabalho e regras de segurança sejam respeitadas e rigidamente aplicadas pelas empresas", disse.

No sábado, pouco antes do anúncio da decisão da Primark, manifestantes protestaram diante de uma loja do grupo, em Londres, ao som de slogans como "Ame a moda, acabe com os ateliês da miséria" e "Primark nos envorgonha". Além do grupo britânico, a companhia canadense Loblaw, que estava envolvida no Rana Plaza por meio de sua filial Joe Fresh, prometeu uma ajuda "significativa" às vítimas e famílias.

De acordo com o analista Benjamin Martin, da Publicis Consultant, "Se as grifes mantiverem silêncio, vai parecer que elas são indiferentes ao drama". Para ele, elas devem ter interesse em falar e esclarecer a situação. "Elas não podem fingir que foram pegas de surpresa", já que, em novembro de 2012, 111 pessoas morreram no incêndio de uma fábrica têxtil de Dacca que fornecia material principalmente para a norte-americana WalMart.

Para Julie Stoll, delegada geral da ONG francesa Plate-Forme para o comércio equitável, "existe um claro problema de transparência e rastreamento da rede filiada", dada a dificuldade das empresas em descobrir se estavam ou não envolvidas na tragédia. "Ainda que, daqui a dez anos, a repercussão seja bem menor, os rastros da tragédia estarão nas redes sociais".

Por isso, empresas como a espanhola Mango escolheram justamente o Facebook para prestar condolências às famílias. A Mango, no entanto, afirma que só havia encomendado amostras de tecidos e, portanto, não havia fechado contratos com as confecções do prédio.

A italiana Benetton que, a princípio havia negado qualquer relação com as empresas do Rana Plaza, admitiu que "a única encomenda que foi feita a um dos fabricantes envolvidos foi efetuada e enviada várias semanas antes do acidente". A nota afirma ainda que, logo depois, esta confecção foi excluída da lista de fornecedores.

Da parte das organizações internacionais, cresce a campanha pelo salário mínimo a todos so intermediários, além de um compromisso social e ambiental. A ideia é sensibilizar, principalmente, o consumidor. Tarefa difícil, de acordo com um grande sindicato europeu de consumidores: "as práticas das filiais da indústria têxtil não são prioridade para o comprador europeu".

Trabalho exemplar
Também nesta terça-feira, o governo de Bangladesh justificou sua decisão de recusar a ajuda de países estrangeiros no resgate das vítimas do Rana Plaza. De acordo com o ministro do Interior do país, Mustak Ahmed, o efetivo local de segurança era suficiente e se mostrou "exemplar".

"Nosso exército, nossos bombeiros, a polícia e os voluntários fizeram um excelente trabalho", disse. Hoje, enquanto as equipes começavam a retirada dos escombros, manifestantes e parentes de vítimas exigiam a pena de morte para Sohel Rana, o proprietário do imóvel que foi preso ontem.

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