"Vira e mexe, o pêndulo da grande política mundial acaba apontando para o Oriente Médio. Pior ainda: para o conflito sem solução entre Israel e os palestinos. A revolução na Síria com todos os perigos de se transformar em guerra regional, a queda de braço com o Irã que está acelerando o seu programa nuclear, o enfrentamento cada vez mais evidente entre os governos islâmicos surgidos da “primavera árabe” e os grupos islamistas mais radicais: basta um novo surto de violência na fronteira da Faixa de Gaza para que tudo isso desapareça do noticiário e acabe refém dos foguetes do Hamas palestino e das bombas de Israel.O paradoxo é que a questão Israel/Palestina é bem menos importante do que as outras para a estabilidade da região e do planeta, mas ao mesmo tempo ela é central para a relação regional de forças.Ninguém mais acredita que este problema possa ser resolvido – em todo caso enquanto uma nova geração de líderes não for capaz de chegar ao poder em Tel-Aviv e Ramalah. Houve já tantas tentativas frustradas para encontrar uma solução que o mal denominado “processo de paz” está irremediavelmente paralisado. Este enfrentamento tem tudo para desestabilizar a região inteira, com conseqüências imprevisíveis na Síria, na relação com o Irã, no Cairo, em Tunis ou em Riad. E fatalmente, os acontecimentos vão obrigar as grandes potências, e particularmente os Estados Unidos, a tomar posições e complicar ainda mais o problema. Se a região não fosse também a maior reserva de petróleo do planeta, provavelmente o resto dos governos no mundo viraria as costas para este problema insolúvel e ficaria assistindo os massacres de arquibancada. Mas hoje, a economia chinesa, indiana ou européia dependem de maneira brutal das importações de hidrocarbonetos vindas do Oriente Médio. A Agencia Internacional da Energia acaba de anunciar que os Estados Unidos vão se tornar maior produtor de petróleo do mundo e que daqui a poucos anos não vão mais precisar importar nem uma gota de óleo da região. É possível que então a coisa mude. Mas ninguém sabe se será para o bem o para o mal. No Oriente Médio o pior é sempre possível."Clique acima para ouvir a crônica de política internacional de AlfredoValladão.
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